Governo pode estender benefícios do ramal ferroviário para o Ribeira

A construção do Contorno Ferroviário Norte vai beneficiar de imediato 250 mil pessoas moradoras de Curitiba e de Almirante Tamandaré. A Secretaria Especial para Assuntos da Região Metropolitana de Curitiba quer aproveitar essa obra, orçada em R$ 115 milhões, para ampliar seus benefícios e transformar em instrumento de desenvolvimento econômico para o norte da Região Metropolitana de Curitiba e, por extensão, para todo o Vale do Ribeira, a região mais pobre do Estado.

Para isso, o secretário Edson Luiz Strapasson reuniu nesta quarta-feira vários representantes de órgãos públicos e da iniciativa privada envolvidos com o projeto para traçar um diagnóstico do potencial de carga que pode ser transportada por esse desvio. O ramal terá um trecho entre 40 a 50 quilômetros ao norte de Curitiba e que deve passar por cinco municípios da RMC.

Participaram do encontro representantes da América Latina Logística, do Sindicato das Indústrias de Cal, das Indústrias de Extração de Calcário, da Federação das Indústrias do Paraná, da Votorantim Cimentos, da Rede Ferroviária Federal, Secretaria dos Transportes, da Ferroeste, Mineropar e da Comec.

De acordo com o secretário Strapasson, o Ministério dos Transportes já tem previsão orçamentária de R$ 120 milhões para a obra e, deste total, 20% correspondem à contrapartida do governo do Paraná, a serem destinados às desapropriações das áreas, explicou o secretário. A construção do ramal ferroviário Norte é uma das obras indicadas para serem incluídas na legislação das Parcerias Público Privadas (PPPs), aprovada no final do ano passado.

Strapasson propôs a formação de uma parceria entre governo do Estado e iniciativa privada para alavancar um amplo projeto de desenvolvimento para explorar o potencial mineral da região e do Vale do Ribeira. De acordo com o secretário, ele quer uma contribuição efetiva por parte da ALL, que deve ser uma das mais beneficiadas com a obra em decorrência do aumento da demanda que será explorada pela ferrovia. Segundo Strapasson, atualmente a ALL transporta um volume estimado em 800 mil toneladas por ano naquele trecho, com potencial para transportar pelo menos quatro milhões de toneladas de produtos.

De acordo com Strapasson, dentro de quatro ou cinco meses o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) poderá estar emitindo a licença ambiental para a obra, quando devem ser feitas as audiências públicas. Até obter a licença e o início efetivo das obras, o secretário quer definir a contribuição efetiva de cada setor da iniciativa privada que será beneficiado. "Não se pode imaginar que um investimento acima de R$ 100 milhões em dinheiro público possa se restringir a ser um corredor de transporte e beneficiar apenas a operadora e a retirada do ramal ferroviário de Curitiba", afirmou.

Para a presidente do Sindicato das Indústrias de Cal no Estado do Paraná, Ezilda Bezerra Furquim, as indústrias do setor instaladas nos municípios de Colombo, Almirante Tamandaré, Campo Largo, Itaperuçu e Rio Branco do Sul produzem cerca de dois milhões de toneladas de cal por ano. Ela acredita que um quarto desse volume pode ser transportado por via férrea, desde que haja disponibilidade de ramais ferroviários para atender as empresas. A maior preocupação, no entanto, é com a redução no custo do frete.

Essa também é a preocupação do representante do Sindicato da Indústria de Calcário, Claudio Grochowiski. Segundo ele, as indústrias do setor na região produzem 5,5 milhões de toneladas de calcário, sendo que 60% desse volume (3,5 milhões de toneladas) podem ser transportados por ferrovia. Se o custo compensar, o frete ferroviário poderá substituir o transporte rodoviário feito atualmente por 150 mil carretas. O problema do transporte rodoviário, segundo Grochowiski é que 60% do custo do cal que chega no Interior corresponde a custo do frete.

Para a assessora jurídica da América Latina Logística, Ana Hernandes, a obra é de fundamental importância para o aumento de circulação das locomotivas e para atendimento da demanda. A representante da ALL disse que a ferrovia apóia o governo do Estado nas iniciativas de ampliar a estrutura que permite ampliar a circulação dos trens. 

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