O ex-gerente executivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso, Hugo José Werle, prestará depoimento
na tarde desta segunda-feira à superintendência da Polícia Federal no estado.
Werle foi preso, na semana passada, durante investigação de um esquema de
extração e venda ilegal de madeira em Mato Grosso. Com a participação de
funcionários do Ibama, madereiros obtinham licenças falsas para a exploração de
madeira em áreas protegidas e reservas indígenas.
A quadrilha, que atuava
há 14 anos no Mato Grosso fraudando autorizações para exploração de madeira, foi
desmantelada no último dia 2 pela PF na Operação Curupira. Após 20 meses de
investigações, a Justiça decretou a prisão temporária de 124 envolvidos,
acusados de retirar ilegalmente quase 2 milhões de metros cúbicos de madeira, o
equivalente a 76 mil caminhões que, enfileirados, cobririam a distância entre o
Rio de Janeiro e Brasília.
Até agora, mais de 70 pessoas foram presas no
Mato Grosso. Cerca de 431 empresas fantasmas atuavam no estado. No total de
envolvidos, 42 são empresários e 47 são servidores do Ibama, dos quais 39 de
carreira e os demais em cargos de comissão.
A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, anunciou, em entrevista coletiva junto com o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, em Brasília, que o Ibama do Mato Grosso estará sob
intervenção por 60 dias e já tem uma equipe substituta nomeada. O fornecimento
de novas Autorizações de Transportes de Produtos Florestais também está suspenso
por 30 dias no estado e todos os servidores que operavam o sistema de controle
estão descredenciados.