Fechamento de divisas prejudica produtores de leite e suínos no Paraná

Curitiba (AE) – Os cerca de 400 produtores de leite de Castro, na região dos Campos Gerais do Paraná, uma das mais produtivas do Estado, ameaçam jogar o produto fora a partir de amanhã (25), caso não haja uma flexibilização nas barreiras estabelecidas por São Paulo e Santa Catarina, para onde nem produtos industrializados e carnes desossadas podem ser vendidos. O secretário estadual da Agricultura, Orlando Pessuti, disse que está tentando conversando com os colegas dos outros Estados para encontrar uma saída.

Em Castro, a 170 qulômetros de Curitiba, são produzidos diariamente 600 mil litros de leite, comercializados por meio de um pool com associados de três cooperativas. Hoje, a capacidade de armazenamento já estava quase esgotada, além de os caminhões estarem repletos de leite. Da produção, 70% são enviados para fora do Paraná, sobretudo para São Paulo. "Não tem mais espaço", reclamou o produtor Lucas Rabbers, da Agropecuária Harn. "O Rio Iapó vai ficar branco de leite", disse.

Segundo ele, os produtores sempre tiveram preocupação com a sanidade animal porque sabem que dependem exclusivamente disso para a sobrevivência. "Agora, 60 anos de trabalho estão em jogo", afirmou. Em sua propriedade, Rabbers tem 320 animais que produzem diariamente 11 mil litros de leite. Parte da ordenha da tarde de hoje iria para os tanques que têm na fazenda e que comportam 13 mil litros. "Na ordenha de amanhã à tarde, terei dejogar leite fora", lamentou.

No noroeste do Estado, os frigoríficos que abatiam bovinos para exportação também estão interrompendo o serviço. Grande parte da carne ia para portos de Santa Catarina e de São Paulo. No sudoeste, a preocupação maior é dos produtores de suínos. As indústrias que recebem os animais também estão com a capacidade no limite. Como a Frimesa, de Medianeira, a 585 quilômetros de Curitiba, que trabalha com industrialização de leite, carne de suínos e derivados. Da produção, 60% vão para outros Estados e para a exportação, que sai pelo Porto de Itajaí (SC).

"É um absurdo", classificou o diretor-executivo Elias Zydek, ao se referir à proibição de passagem de industrializados imposta por outros Estados. Segundo ele, a empresa está com dez caminhões parados nas divisas. Zydek disse que, se não houver autorização para que os produtos industrializados cruzem as divisas, na qurta-feira o abate deve ser suspenso por falta de local de estocagem. A indústria mata por dia 1,7 mil animais. No caso do leite, já há uma redução desde sexta-feira de 23% no recebimento, que era de 800 mil litros por dia. "Nós podemos suportar até sexta-feira", afirmou Zydek.

A Secretaria da Agricultura do Paraná aguarda para amanhã ou no máximo para quarta-feira o resultado das análises sorológicas dos 19 animais que apresentaram sintomas da aftosa e que foram identificados sexta-feira em quatro propriedades em Maringá, Amaporã, Loanda e Grandes Rios. Enquanto o resultado não chega, foi feito um alerta para que os pecuaristas evitem antecipar a vacinação de seus rebanhos, sobretudo nas proximidades desses municípios. Teme-se que uma vacinação possa mascarar um possível foco de aftosa.

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