Farra seletiva

Enquanto o ministro do Planejamento e Execução Orçamentária, Paulo Bernardo, declara com todas as letras que o governo não concorda com o salário mínimo de R$ 375, o Congresso, em repugnante e prevalecido pacto dos líderes partidários, aumentará o salário dos parlamentares para R$ 24,5 mil a partir de fevereiro do próximo ano, quando a nova legislatura será instalada com pompa e circunstância.

Cada parlamentar custará para os contribuintes cerca de R$ 144 mil, porque além da parte fixa recebe verbas indenizatórias, gastos com assessores e puxa-sacos, auxílio-moradia, despesas postais e telefônicas e mais quatro passagens aéreas de ida e volta ao estado de origem. Para o senador há ainda a benesse de contar com veículo oficial, motorista e auxílio-combustível.

Multiplicado esse valor por 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores), o total mensal do gasto será de R$ 67,7 milhões, quase trinta vezes o teto do faturamento das pequenas empresas.

Não será aleivosia declarar que o régio presente natalino é parte do arsenal tático da reeleição do senador Renan Calheiros e do deputado Aldo Rebelo à presidência do Senado e da Câmara.

Aguarde-se o efeito cascata da medida que escarnece da condição de vida de milhões de trabalhadores, nas assembléias, secretarias e empresas estaduais, tribunais e câmaras de cidades de grande porte. Uma farra seletiva e sem tamanho paga com dinheiro público.

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