Estratégia de defesa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na quinta-feira o decreto de criação do grupo de trabalho que vai elaborar as linhas gerais do Plano Estratégico de Defesa Nacional. O documento deverá estar pronto em dezembro, quando o governo o apresentará à sociedade.

Enquanto isso, na Argentina, nossos vizinhos sempre ágeis em suscitar questiúnculas sobre qualquer indicativo de solidificação da liderança brasileira no subcontinente, desconfiam que a nova estratégia anunciada pelo presidente Lula tem a finalidade de converter o Brasil numa potência militar ao longo do século XXI.

O comentário foi feito por um jornal especializado em economia e negócios, editado em Buenos Aires – El Cronista Comercial – para quem ?o plano de defesa faz parte de uma nova política industrial que beneficiará também o setor automotivo, a indústria naval, o setor da saúde e as ferrovias?.

Na mesma linha, diz o jornal que a essência da idéia está no estímulo à produção de equipamentos, centros de tecnologia, substituição de importações e na transformação do Brasil ?numa plataforma de exportações?. A justificativa encontrada foi uma recente declaração nesse sentido, feita pelo ministro Miguel Jorge, da Indústria e Comércio.

Para o ministro Nelson Jobim, da Defesa, não traz nenhum benefício à economia brasileira a recorrente transferência de divisas e empregos para países estrangeiros, numa área vital como a de produção de insumos de defesa. Em última análise, Jobim quis dizer que esta atividade deverá ser estimulada aqui mesmo.

Raciocínio paralelo teve o ministro Roberto Mangabeira Unger, da Secretaria de Ações de Longo Prazo, ao reiterar que as forças armadas brasileiras não existem para ajudar outra potência a policiar o mundo. A referência poderá encontrar seu fundamento na presença de soldados brasileiros no Haiti, e por ter sido feita dois dias após o regresso de Jobim daquele país.

O governo decidiu aumentar a dotação orçamentária do Ministério da Defesa para R$ 4,6 bilhões em 2008. Este ano a verba do ministério é de R$ 3 bilhões, e seu titular já avisou que, no próximo exercício, o investimento no reaparelhamento dos mecanismos de defesa será de R$ 1,8 bilhão.

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