Um terço da população brasileira ainda tem fome

Mesmo com a distribuição de mais de R$ 1,2 bilhão para 12,6 milhões de famílias no País, através do programa Bolsa Família, mais de um terço da população brasileira encontra dificuldades para colocar alimentos na mesa.

De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/09 do IBGE, 35,5%, do total de entrevistados declararam que falta comida no prato durante o mês. Segundo a pesquisa, falta alimento frequentemente para 9,2% das famílias brasileiras.

No Paraná, onde, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em junho 480.867 famílias receberam R$ 38,9 milhões do Bolsa Família, a realidade não é tão diferente. Segundo a pesquisa do IBGE, 27,4% das famílias paranaenses declararam encontrar dificuldades para comprar os alimentos.

A pesquisa revela que houve uma melhora nos índices do Paraná, na comparação com o último levantamento realizado entre 2002 e 2003, quando 34,43% dos entrevistados paranaenses declararam que os alimentos são normalmente ou às vezes insuficiente. Na ocasião 8,62% dos paranaenses entrevistados afirmaram que o alimento é normalmente insuficiente.

Para o coordenador do curso de economia da Universidade Positivo, Jackson Bittencourt, os números divulgados pelo IBGE revelam um percentual aproximado da população que se encontra em miséria absoluta. “É lamentável que, no estado que é o principal exportador de grãos do País há famílias passando fome”, comenta.

Uma das explicações para o pífio avanço paranaense no combate à fome, segundo Bittencourt, é o crescimento econômico praticamente estático do Estado na última década.

“O Paraná manteve a média de praticamente 6% de participação no PIB nacional desde a implementação do Plano Real”, afirma. Para mudar o quadro, o professor diz que é preciso aplicar uma dinâmica de crescimento mais forte e mais significativo.

Na avaliação de Bittencourt, faltam políticas públicas de geração renda mínima no Paraná. “Tem que haver um aumento no crescimento econômico, que possibilite a geração de atividades, sejam elas formais ou não”, afirma.

Bittencourt acredita que é fundamental focar as ações de fomento à economia nas regiões mais pobres do Estado. Ele lembra que a região do centro sul do Paraná e do Vale da Ribeira mantém níveis de pobreza comparáveis com as regiões mais necessitadas do nordeste brasileiro.

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