Sem reajuste, ações da Copel desabam

O anúncio do governo do Estado e da Copel, feito anteontem, de que a empresa não repassará imediatamente, ao consumidor, o reajuste que deverá ser autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no próximo dia 24, já repercutiu na Bovespa.

Ontem, as ações preferenciais da companhia paranaense (CPLE6), que iniciaram o dia valendo R$ 29,50, despencaram mais de 6%, ficando cotadas a menos de R$ 27,70 e puxando para baixo o índice Ibovespa.

Para o analista financeiro Rafael Cordeiro, da corretora Omar Camargo, não há dúvidas de que a queda é decorrente do anúncio de anteontem, apesar de lembrar que a atitude do governo e da companhia já eram esperadas.

“Nós mesmos estávamos prevendo apenas para setembro um reajuste das tarifas”, afirma. Ele prevê que o reajuste autorizado pela Aneel seja algo entre 5% e 10%, levando em conta o maior uso de termelétricas no último ano, bem como um Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) alto no período.

O analista diz que, por conta da forte ingerência do governo do Estado sobre a Copel que alguns especialistas chamam de “risco Requião”,  as ações da companhia estão entre as mais baratas do mercado, em comparação com outras empresas do setor.

Cordeiro calcula que, se um suposto aumento autorizado de 5% não for repassado na tarifa de energia, pode impactar em no mínimo R$ 400 milhões no faturamento da companhia (no ano passado, a empresa faturou R$ 8 bilhões). No caso, a perda, segundo ele, poderia chegar a R$ 1,80 por ação.

Dessa forma, o analista não acredita que o governo, que é acionista majoritário da empresa, consiga segurar um aumento por muito tempo, devido a pressões que pode sofrer de acionistas minoritários, inclusive por meio de ações judiciais.

“[A empresa] não deve aguentar a pressão. Imagine o que uma perda de mais de R$ 1,50 por ação significaria para acionistas como a Fundação Copel, por exemplo”, pondera.

Oficial

O anúncio de que a Copel não reajustará as tarifas de energia elétrica foi feito anteontem pelo governador Roberto Requião, e confirmado pela empresa, em comunicado oficial.

A situação lembra o ocorrido em junho de 2003, quando o reajuste autorizado pela Aneel, de 25,27%, não foi repassado de imediato para os consumidores adimplentes. Parte do percentual (15%) foi repassada em janeiro de 2004 e o restante (14,43%) em junho do mesmo ano.