Reunião do Copom pode ser última de Meirelles

Presidente do Banco Central que mais tempo ficou no cargo – sete anos -, Henrique Meirelles poderá participar nesta semana de sua última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e dar início a um novo ciclo de alta na taxa básica de juros (Selic). Não bastasse o ingrediente político inédito – a possibilidade de saída do seu presidente para uma disputa eleitoral -, o encontro do Copom ocorre em meio à pressão do Ministério da Fazenda para manter a Selic em 8,75%.

Na Fazenda, as apostas são de que o BC vai aguardar para obter mais elementos sobre o aquecimento da economia. “O BC não baixou os juros em dezembro de 2008 (auge da crise) para ter uma ideia mais clara do quadro. Agora pode esperar mais um pouco”, disse uma fonte.

Nas últimas semanas, diante da alta recente da inflação e dos indicadores que mostram atividade econômica forte, o mercado financeiro tem consolidado as apostas de que a alta da Selic está próxima. Os analistas estão divididos entre os que preveem subida já na reunião desta semana e os que trabalham com início do ciclo em abril. No mercado futuro de juros, os preços indicam maior chance de alta dos juros nesta semana.

A equipe da Fazenda enxergou no Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre um fator a mais para justificar a manutenção dos juros. Segundo uma fonte, a alta de 4,3% do PIB nos três meses finais de 2009 sobre igual período de 2008 (o pior momento da crise) mostra expansão “moderada” da atividade.

Os técnicos também mencionam que a alta dos depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos obrigatoriamente têm de deixar parado no BC), a elevação do superávit primário (economia para o pagamento de juros), o fim das desonerações tributárias e a alta dos juros no mercado futuro colocaram um freio na economia.

Mas o BC demonstra cada vez mais preocupação com o ritmo de crescimento do País – e tem preparado há meses o terreno para subir os juros, a fim de evitar um superaquecimento da economia. Os dados do varejo em janeiro, divulgados no mesmo dia em que saiu o PIB de 2009, reforçaram a preocupação da autoridade monetária.

As vendas subiram 2,7% em relação a dezembro de 2009, no melhor resultado da série histórica. A alta surpreendeu os analistas e também o governo. Para o BC, o varejo é entendido como a “cereja do bolo” de uma série de dados que mostram aceleração da atividade e pediriam juro mais alto para conter o risco de alta dos preços.

Entre os argumentos para o aperto monetário estão a criação de empregos formais e a expansão do crédito às famílias, fatores que elevam a demanda. O uso de 84% da capacidade das fábricas – o maior nível desde o agravamento da crise – pode indicar dificuldades de a indústria atender a essa demanda maior.

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