Produtores de trigo se dizem prejudicados

Nos dois primeiros meses de 2006 houve aumento de cerca de 70% na importação de pré-mistura de farinha de trigo da Argentina. O volume importado pelo Brasil passou de 29 mil toneladas para 48 mil toneladas, quando comparado com o mesmo período deste ano. Este crescimento não se deve à escassez ou à baixa qualidade do produto nacional, mas sim ao fato da pré-mistura argentina receber isenção de 15% nos impostos alfandegários, concedida pelo governo argentino.

A pré-mistura de farinha de trigo argentina, quando exportada ao Brasil, deveria pagar 20% de impostos de exportação. No entanto, paga somente 5%, beneficiando o produto argentino em 15%. Já o trigo, importado da Argentina pela indústria brasileira para a produção de farinha, não recebe o mesmo tratamento, sofrendo tributação de 20%.

Para o presidente da Abitrigo Associação Brasileira da Indústria do Trigo, Samuel Hosken, a indústria nacional não consegue competir de forma justa com o produto argentino, causando redução da produção do produto no País e, conseqüentemente, aumento da ociosidade dos moinhos, que hoje é de cerca de 36%.

?O produto argentino detém hoje 25% do mercado nacional de pré-mistura de farinha de trigo, que corresponde a 1 milhão de toneladas ao ano. Neste ritmo em que andam as importações, muitos moinhos irão fechar e muitos trabalhadores do setor poderão perder seus empregos?, alerta Hosken. Atualmente, o setor de trigo gera 30 mil empregos diretos e mais de 2 milhões indiretos.

A pré-mistura de farinha de trigo é um produto muito utilizado por panificadores e donas-de-casa no Brasil, que a utilizam para produzir, principalmente, pães especiais e bolos, já que possui ingredientes coadjuvantes em sua formulação, além da farinha de trigo, que facilitam o preparo dos alimentos, como sal, fermento, entre outros. 

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