Paraguai pode atuar no mercado de energia

O Paraguai pode passar a atuar no mercado de energia do Brasil. Segundo o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o Paraguai poderia passar a utilizar uma parcela maior da eletricidade de Itaipu para abastecer o mercado interno e comercializar eletricidade gerada por outras fontes no Brasil, por meio da sua empresa energética, a Ande (Administração Nacional de Energia). Além de Itaipu, a estatal paraguaia conta com mais uma central hidrelétrica própria, uma binacional com a Argentina e seis termoelétricas.

“O Paraguai poderia se abastecer completamente com energia de Itaipu e disponibilizar essa (de outras fontes) que é usada hoje (para consumo interno) para fazer exportação”, explicou Samek. A intenção seria permitir uma entrada gradual da Ande no mercado brasileiro. Atualmente, Itaipu atende a 91% do consumo paraguaio, com 5% da eletricidade gerada pela usina. Pelo Tratado de Itaipu, cada um dos dois países tem direito a 50% da energia gerada pela usina. Mas, como o Paraguai não utiliza toda a sua parte, o Brasil compra o restante e comercializa no mercado interno por meio da Eletrobrás.

O Paraguai poderia se abastecer completamente com energia de Itaipu e disponibilizar essa que é usada hoje para fazer exportação 

Jorge Samek , diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional

Samek participou hoje (27) de um encontro com o diretor geral paraguaio de Itaipu, Carlos Balmelli, e de representantes empresariais brasileiros na Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele acredita que a proposta de venda de eletricidade paraguaia no Brasil poderá ser formalizada nos próximos dias.

No entanto, o diretor-geral brasileiro descartou a possibilidade de o país vizinho comercializar dentro do Brasil a sua parte excedente da eletricidade gerada por Itaipu. De acordo com Samek, isso não é permitido pelas regras do acordo de construção da usina, apesar de ser uma das principais demandas do Paraguai.

Para Carlos Balmelli, a interpretação brasileira das cláusulas do tratado é “abusiva”. Na avaliação dele, não existe nenhuma proibição de que o Paraguai comercialize o seu excedente de energia diretamente no mercado brasileiro.