O?Neill conversa com FHC amanhã

Rio

  – O homem que controla o orçamento da maior potência do mundo está no Brasil. Paul O?Neill, o secretário do Tesouro dos EUA, chega ao país para se encontrar, amanhã, com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com empresários brasileiros. O?Neill é uma metralhadora giratória de declarações polêmicas. A última delas, insinuando que autoridades latino-americanas desviam recursos do FMI para bancos suíços, provocou indignação na América Latina.

Mas a língua solta do secretário não causa arrepios apenas ao Sul do Equador. O?Neill já foi comparado pelo “Wall Street Journal” a um narrador de comercial da Merrill Lynch, quando fez uma previsão pública ? em meio a uma forte crise do mercado acionário em 2001 ? que a bolsa teria recordes de alta em um prazo de 18 meses. O próprio O?Neill, que já ocupara cargos no governo Gerald Ford, entre 1974 e 1977, e postos administrativos na Secretaria do Tesouro durante o mandato de George Bush pai, no começo dos anos 90, admite que não está acostumado ao efeito de suas palavras sobre o mercado.

? Sempre me espanta que alguém se preocupe com o que eu faço ou com o que eu digo ? afirmou em entrevista ao jornal americano “Washington Post”.

Ao que o jornal replicou que era preocupante ter um secretário do Tesouro sem noção de sua própria responsabilidade. Seus opositores também o criticam por manter uma postura que seria mais adequada ao século 19 do que às necessidades da economia moderna.

Amigo de Greenspan

Natural da Pensilvânia, O?Neill foi membro do American Enterprise Institute, grupo de pesquisas econômicas dirigido pelo vice-presidente Dick Cheney; e presidia a mineradora Alcoa. Na hora de assumir a Secretaria do Tesouro, contou a seu favor uma amizade de 16 anos com o presidente do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA), Alan Greenspan.

Para desvincular de qualquer suspeita seu passado corporativo à frente da Alcoa, negou que tivesse vendido qualquer ação da empresa enquanto foi seu presidente. Foi vitimado por sua própria incontinência verbal. Acabou desmentido pelo próprio Tesouro: na verdade, ele vendeu 662.547 ações da companhia, em abril de 1999, por quase US$ 30 milhões.

Frases infelizes

“Despejar dinheiro de contribuintes americanos em uma incerteza política no Brasil não parece uma idéia brilhante.” ( 21 de junho de 2002)

“O Brasil paga juros altos porque o mercado receia a corrupção, a insegurança e a falta de respeito à lei”. (10 deFevereiro de 2002)

“Sempre me espanta que alguém se preocupe com o que eu faço ou com o que eu digo.” (Julho de 2002)

“(Brasil, Argentina e Uruguai) precisam assegurar que o dinheiro que recebem não saia direto do país para uma conta na Suíça.” (28 de julho de 2002).

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