Nome para o BC trava o ministério de Lula

Brasília

– O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma reunião de sete horas com o vice-presidente eleito, José Alencar, e a cúpula do PT na Granja do Torto, em Brasília para encontrar uma solução para a falta de um nome de confiança do PT para o Banco Central. Este é o ponto que trava a divulgação de todo o ministério de Lula. Todos os nomes de grande quilate consultados para o BC não aceitaram.

O nome que surgiu com mais força ontem, foi o do economista Pedro Bodin, que teria sido convidado e segundo algumas versões tão teria aceito. A especulação em torno do nome de Bodin animou o mercado financeiro. Mas uma recusa deixa Lula em situação complicada. Se o anúncio do novo ministério não ocorrer hoje, ficará para depois da viagem do presidente eleito aos Estados Unidos, marcada para segunda-feira. Na realidade, segundo o presidente nacional do PT, José Dirceu, 80 por cento do ministério está definido.

E se não foi anunciado é porque Lula quer anunciá-lo de uma só vez, incluindo os nomes para as diretorias do Banco Central. E é justamente este nome que o mercado financeiro mais deseja conhecer e pressiona Lula para que seja revelado com maior brevidade possível. No encontro de ontem participaram o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, o coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci, o coordenador-ajunto da transição, Luiz Gushiken, o deputado José Genoino (PT-SP), o secretário-geral do PT, Luiz Dulci, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP) e o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).

Uma das opções cogitadas por Lula para acalmar o mercado financeiro, mesmo sem a definição do presidente do Banco Central, seria anunciar parte dos ministros, entre eles Antônio Palocci para a Fazenda. As outras alternativas que estavam sendo estudadas eram divulgar os nomes após a reunião com a Executiva Nacional do PT, neste fim-de-semana, ou viajar para os Estados Unidos sem tornar públicos quem serão os ministros.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) saiu da reunião por volta das 13 horas e afirmou que um bom ministério está sendo discutido na reunião da Granja do Torto. Ele disse que o debate principal entre os participantes da reunião era se Lula anunciaria o nome do presidente do BC antes da viagem ou o divulgaria junto com os demais, quando chegasse do México. De acordo com o assessor Carlos Tibúrcio, não há um compromisso por parte do presidente eleito para apresentar os nomes antes da viagem de segunda-feira. Ele disse que Lula está tranqüilo para apresentá-los no momento certo.

O nervosismo que se criou no mercado de câmbio diante das especulações em torno de quem será o presidente do Banco Central a partir de janeiro mostra que o nome do substituto de Armínio Fraga se tornou maior do que o próprio cargo. Como o BC no Brasil não é independente, suas funções não estão formalmente institucionalizadas e, portanto, podem ser alteradas a qualquer momento, o comando do BC no novo governo assume o papel de símbolo da política econômica.

Nova equipe: petistas e paulistas

Brasília

– O presidente nacional do PT, José Dirceu, anunciou ontem que 80 por cento do ministério de Lula está definido. Mas deixou escapar a fonte de irritações entre os aliados do futuro governo: o excesso de petistas e de paulistas. Dirceu procurou minimizar esta questão: “Não há petistas em excesso e não há paulistas em excesso. Não é bom para o Brasil essa discussão, se tem mais gente de um estado ou de outro”, afirmou. “O importante é esperarmos o momento oportuno. Volto a repetir: o ministério será uma grata surpresa”, acrescentou.

Dirceu, entretanto, não disse quando a equipe será divulgada, por uma razão muito simples: até o começo da noite de ontem, nem Lula sabia quando isto seria possível. Pode ser antes ou depois de sua viagem aos Estados Unidos, marcada para segunda-feira. Pode ser hoje. De acordo com Dirceu, o Ministério será divulgado integralmente. “Não há razão para não ser anunciado em bloco”, afirmou. Ele negou que haja dificuldades políticas para fechar a equipe. O PSB, o PL, o PDT e o PCdoB têm procurado garantir espaço relevante dentro do novo governo. Dirceu, porém, afirmou que não há divergências entre o PT e essas siglas.

Dirceu afirmou que conversará com os partidos aliados neste fim de semana. PDT, PSB e PC do B já confirmaram presença no encontro. Sobre o PL, Dirceu disse que as negociações estão em curso e não mencionou o PPS.

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