‘Não podemos ter medo de flutuar’, diz Tombini sobre movimento do câmbio

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que de nada vale o efeito positivo do câmbio sobre as exportações e o setor externo se a alta da moeda norte-americana pressionar a inflação e tirar competitividade da economia brasileira. Ele explicou que o BC tem usado a política monetária para minimizar os “efeitos de segunda ordem” da elevação do dólar frente o real.

Tombini defendeu que a depreciação do câmbio não é um caso isolado do Brasil, ainda que o movimento no País tenha sido mais forte que em outros lugares. Questionado por senadores se o BC poderia atuar no mercado para criar um teto para a cotação do dólar, o presidente do BC negou. “Nosso regime de câmbio é flexível”, disse. Segundo o presidente do BC, “não podemos ter medo de flutuar, flutuação não é ruim para a situação financeira do setor público”. Ele afirmou que o BC possui um arsenal de medidas, ainda que o câmbio seja a primeira linha de defesa.

Ele afirmou ainda que o sistema financeiro mais sólido vai ajudar na retomada da economia e ponderou que o mercado de crédito tem mostrado redução da alavancagem, além de inadimplência bem controlada. “O mercado mostra que está bem provisionado”, afirmou.

Orçamento

Sobre as medidas de ajuste anunciadas na segunda-feira, 14, pelo governo, Tombini disse que elas são importantes para a política monetária. Ele ponderou que, apesar de a política fiscal ser independente da monetária, elas são complementares. “Nas nossas contas, isso é importante para nosso trabalho”, afirmou.

Tombini também afirmou que, apesar de o governo ter enviado ao Congresso um Orçamento com déficit de R$ 30,5 bilhões, a instituição continuará a trabalhar com projeção de superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. “Continuamos trabalhando com superávit primário de 0,7% do PIB. Nosso cenário contempla isso, no sentido de entregar esse resultado. A forma como isso será feitio diz respeito a autoridade fiscal. Não deixaremos de utilizar essa previsão de 0,7% do primário para o ano que vem”, afirmou.

Diálogo com governo

Questionado por senadores se havia comunicado a presidente Dilma Rousseff sobre a gravidade da crise financeira, o presidente do BC evitou dar uma resposta direta. Ele se limitou a dizer que o BC sempre externou suas posições e que há diálogo com o governo. Segundo Tombini, as posições da autoridade monetária estão expressas em documentos da instituição e no relatório de inflação, cuja próxima edição deve ser divulgada em 24 ou 25 de setembro.

Ele também negou que tenha ameaçado deixar o posto. Rumores do mercado davam conta de que ele deixaria o cargo de presidente caso perdesse o status de ministro.

Manifestações

Enquanto o dirigente do BC responde a questionamentos de senadores, servidores do Banco Central presentes na CAE do Senado levantam cartazes e os chacoalham nas mãos, com logotipo e fotos da instituição. O objetivo é pressionar Tombini e diretores sobre negociações salariais e também para nomeação de aprovados em concursos que ainda não foram chamados. O diretor de Administração do BC, Altamir Lopes, é o principal foco da manifestação que ocorre sem maiores tumultos.

Antes da audiência pública, o sindicato fez um trabalho junto a parlamentares que estão presentes na comissão para que fizessem questionamentos sobre os servidores a Tombini.

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