Lula cobra em Roma o fim dos subsídios agrícolas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu seu discurso de 30 minutos na manhã desta terça-feira (03), na Conferência de Alto Nível do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), com um duro ataque aos subsídios agrícolas impostos pelos países desenvolvidos. O segundo a falar na plenária dos chefes de Estado e governo, Lula classificou de "uma burla" e uma "cortina de fumaça" as tentativas de associar a alta dos preços dos alimentos com a produção de etanol, e cobrou a eliminação de "práticas desleais que caracterizam a prática agrícola". "Os subsídios criam dependência, desmantelam estruturas produtivas inteiras, geram fome e pobreza onde poderia haver prosperidade. Já passou da hora de eliminá-los", afirmou.

"Findas as reuniões e apagadas as luzes, parece que as pessoas voltam-se para seus afazeres do dia-a-dia. E aí a fome é esquecida, para ser lembrada apenas quando ocorre uma explosão como a das últimas semanas", afirmou, lembrando que já participou de uma série de reuniões nas quais boas idéias e grandes iniciativas foram assinadas, para depois não irem adiante.

Lula cobrou uma "globalização da agricultura", nos moldes em que os países desenvolvidos tanto se empenham em ter na produção industrial. "A visão de segurança que prevalece no mundo de hoje está centrada no controle e na garantia do território, da oferta de alimentos e da oferta de energia. Os subsídios à produção agrícola e as barreiras comerciais, que tanto têm retardado o crescimento da agricultura dos países mais pobres, são também conseqüências dessa visão. É preciso reconhecer que, se a agricultura dos países em desenvolvimento tivesse sido estimulada por um mercado livre, talvez não estivéssemos vivendo essa crise de alimentos", afirmou. "Precisamos reformular visões reciclar idéias. A globalização, que se instalou de maneira tão ampla na indústria, precisa chegar à agricultura", afirmou.

Lula considera a crise atual basicamente uma crise de distribuição, com várias causas adjacentes, entre eles a alta do petróleo, além dos subsídios, que acusou de "atrofiar e desorganizar" a produção em outros países. "A chamada crise mundial de alimentos é, acima de tudo, uma crise de distribuição. É preciso produzir mais e distribuir melhor. O Brasil, como potência agrícola, está empenhado em aumentar sua produção. Mas de que adiantará produzir, se os subsídios e o protecionismo tolhem o acesso aos mercados, mutilam a renda e inviabilizam a atividade agrícola sustentável?", perguntou.

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