Juros ao consumidor não caíram

São Paulo 

– A redução da taxa Selic, taxa básica de juros da economia, não resultou em queda nos juros ao consumidor. Em sua última reunião, em 17 de julho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu essa taxa em 0,5 ponto porcentual, para 18% ao ano.

Embora a medida tenha sido bem recebida, os bancos, as financeiras e as lojas que vendem a prazo não repassaram o corte às taxas cobradas no varejo.

De acordo com Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a alta do dólar, o aumento dos juros futuros, as incertezas no cenário político, entre outros fatores, neutralizaram a redução da Selic. “Esses fatores têm maior peso, num quadro de instabilidade na economia.” Para ele, os resultados seriam ainda mais negativos, se a taxa não tivesse sido reduzida.

Crédito mais restrito

Bancos, financeiras e lojas já vinham aumentando suas exigências para conceder crédito desde o mês anterior, quando o Banco Central (BC) não usou o viés de baixa – que permite a redução da Selic a qualquer momento – e frustrou as expectativas do mercado.

“Houve uma cautela maior no comércio, o que resultou em redução dos prazos no financiamento. Já nessa última reunião, muitos se surpreenderam com a queda da taxa. Porém, com a instabilidade, o mercado de juros está em compasso de espera para ver o que acontecerá”, avalia Solimeo.

Na mesma linha, Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos em Finanças (Anefac), afirma que por enquanto não aconteceu nada em função da queda na Selic. Os dados da Anefac, divulgados após a reunião do Copom em junho, revelam um aumento das taxas no empréstimo pessoal de financeiras em 0,73 ponto porcentual, de 11,25% mensais em maio para 11,98% em junho, o que representa um aumento da taxa anual de 259,42% para 288,76%. Nas operações de crédito direto ao consumidor (CDC), os juros passaram de 3,76% em maio para 4,17% em junho, um aumento de 0,39%.

Nas lojas de varejo, o consumidor também pôde sentir desde junho uma redução nos prazos do parcelamento do preço à vista. Nas Casas Bahia, por exemplo, as compras que há algum tempo podiam ser divididas em dez parcelas pelo preço à vista, devem ser parceladas agora em até seis vezes.

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