Indústria já admite risco de esgotar capacidade, segundo FGV

O esgotamento da capacidade instalada é um risco para 31% das indústrias consultadas pela Sondagem Conjuntural da Indústria da Transformação, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). "O risco existe e não pode ser descartado", afirmou o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo. Para ele, essas são as chamadas "dores do crescimento". Segundo ele, no prazo de um ano, 25% das empresas acreditam na possibilidade de haver um gargalo na produção. "Não se pode se ignorar o risco de esgotamento e gargalo caso o ritmo da demanda se mantenha estável", avaliou Campelo, ressaltando a possibilidade de apagão em alguns setores.

A pesquisa mostra que as indústrias esperam elevar em 11%, em média, a sua capacidade instalada este ano. Esse porcentual é o maior nos últimos cinco anos. "A expansão prevista é recorde", afirmou Campelo, observando que o fato de as empresas destacarem o risco de gargalo não é necessariamente ruim. Ele aventou a possibilidade de as indústrias estarem preparando aumento nos investimentos para combater o risco de esgotamento.

O coordenador da pesquisa também citou o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci), que apesar de estar em nível elevado já aponta para acomodação. O Nuci médio de 2007 foi de 84,8% e o indicador foi de 84,7% em fevereiro passado.

Campelo ponderou que um nível de utilização alto atrai investimentos e previu que os investimentos continuarão em nível elevado neste ano. Segundo ele, há risco de inflação no atual no ritmo de atividade e o papel do Banco Central deve ser o de "atenuador de ciclos".

A última vez em que a pergunta sobre a possibilidade de esgotamento da capacidade foi feita pela FGV foi no levantamento de 2005. Campelo afirmou que pela ausência de comparativos recentes a questão deve ser incluída nas próximas sondagens, para ver se as expectativas serão alteradas.

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