Cerveja paga a conta!

Imposto da cerveja subirá para cobrir rombo no setor elétrico

Se a conta não fecha, quem paga a mais é o contribuinte. Repetindo a velha máxima da política brasileira, o governo federal sinalizou que o aumento da carga tributária de determinados produtos deve ser uma das saídas para cobrir R$ 4 bilhões de gasto com o aumento do custo do setor energético por conta da estiagem e do aumento no uso das termelétricas.

Um dos grupos que devem ser relacionados é o das chamadas bebidas frias, ou seja, cerveja, água, refrigerante e isotônico. Da parte de quem consome tais produtos, a insatisfação é generalizada, mas os consumidores não pretendem extinguir o hábito de confraternizar nas mesas da cidade acompanhada de uma bebida. Para eles, a saída será diminuir o consumo.

Os primos Luiz Sotto Maior de Souza e Hamilton Souza avaliam com decepção o caminho que o governo insiste em trilhar. “Isso não vai interferir nessa forma de confraternização”, avalia Luiz. “O governo deveria reduzir os próprios custos para arcar com o setor elétrico”, acrescenta Hamilton dizendo que “o hábito de ser feliz” não será prejudicado por mais esse aumento. “No máximo fará diminuir o consumo, até porque o chope a R$ 9 já está bem elevado”, informa.

Redução

Em outro estabelecimento, o servidor público Márcio Costa, também compartilha da mesma decepção. “Já pagamos tantos impostos e observamos um retorno tão pequeno que desanima. O jeito vai ser tomar menos chope, reduzir os dias da semana para esse pequeno prazer”.

Empresários reclamam de efeito dominó

Ciciro Back
Celia diz que aumento de impostos são incentivo às avessas.

Da parte dos empresários, essa sinalização de novos aumentos só diminui a disposição de deixar as portas abertas dos estabelecimentos. A proprietária do Texas Grill Bar, Celia Matchula, conta que há cinco anos investe no estabelecimento, mas não percebe qualquer incentivo no âmbito de políticas públicas. “Meu negócio só continua aberto pelo meu esforço. No ano passado, os tributos das bebidas quentes derrubaram em 50% o meu faturamento, agora tem mais essa ameaça que demonstra um incentivo às avessas”, critica Celia. Ela diz que decidiu retirar o 10% do serviço, em discussão na Câmara Municipal, como meio de atrair a clientela. “Estou buscando meios de manter o negócio”, explica.

Aliás, a proibição da cobrança da taxa em bares e restaurante tem sido bem avaliada pelo presidente da Associação Brasileira de Bares, Restaurantes e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar-PR), Fábio Aguayo. “O setor está bem dividido, mas o fim dos 10% vai retirar a responsabilidade dos empresários de administrar o repasse dessa taxa aos funcionários”, pondera.

Onerados

Quanto a elevação tributária das bebidas frias, Aguayo diz que é mais uma demonstração da falta de incentivo dedicada ao setor. “Não temos incentivo fiscal, desoneração da folha de pagamento e ainda seremos onerados pelo governo federal com essa medida e pelo governo estadual, que incluiu alimento na substituição tributária, nos obrigando a pagar o ICMS antecipado do produto que ainda não foi vendido”, enumera. “Tudo isso explica porque ao invés da Copa gerar mais empregos, está apenas fazendo com que os bares recomponham os quadros reduzidos em 2013”, acrescenta.

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