FMI: ‘há mais trabalho à frente’ para combater crise

O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que as políticas e intervenções aplicadas pelos governos em diversos países do mundo reduziram os riscos ao sistema financeiro global, ante níveis extremos apontados pelo Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR, na sigla em inglês), em abril, o que faz com que, agora, o risco maior ao sistema seja a complacência. “Há mais trabalho à frente”, afirmou hoje o conselheiro e diretor do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais do FMI, José Viñals, durante a divulgação da revisão do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês) hoje. “A situação ainda depende de políticas públicas”, acrescenta.

O executivo afirma que houve melhora no sistema financeiro, mas ressalta que há áreas de preocupação, como é o caso da continuidade da desalavancagem dos bancos. “Os balanços patrimoniais dos bancos ainda continuam sob pressão como resultado de esperadas baixas contábeis que ainda vão ocorrer”, afirma. Viñal acrescenta que os fluxos dos bancos entre os diversos países ainda estão caindo em economias avançadas e “mais ainda nas emergentes”. “Estas são situações que precisam ser melhoradas”, avalia. “O maior risco é cair em complacência”, completa.

Por isso, o FMI acredita que é necessário manter as políticas fiscal e monetária adotadas nos últimos 12 meses. “É muito cedo para desfazê-las”, acrescenta o conselheiro econômico do Fundo e diretor do Departamento de Pesquisa do Fundo, Olivier Blanchard. Se as políticas forem desfeitas, continua o executivo, a recuperação fica comprometida. “Ainda estamos em estado crítico saindo da crise”, acrescenta o conselheiro Viñals.

Na revisão dos documentos do WEO e do relatório GFSR, o FMI reconhece que a recessão ainda não chegou ao fim e diz que a retomada será lenta. “O sistema bancário ainda não está em ótimo estado. Evitamos um colapso, mas mais precisa ser feito.”

Com isso, Blanchard afirma que ainda não é hora de remover as políticas de expansão monetária e fiscal, mas é hora de “pensar sobre elas”. Viñals acrescenta que o processo de saída dessas políticas tem de ser consistente entre os diversos países. “Este é o maior desafio: como será decidido um processo de saída, crível, possível, que reforce confiança e não conduza a efeitos não desejados em termos de consequências ruins para o mercado financeiro e economia.”

Previsões

O FMI projeta recuo de 12,2% do volume do comércio mundial em 2009, ante projeção de queda de 11% feita em abril, segundo o relatório WEO. Em 2010, o FMI prevê que o volume do comércio mundial crescerá apenas 1%, acima dos 0,6% de expansão estimados anteriormente.

Para o petróleo, o FMI utilizou projeções mais elevadas e usou como base para as previsões econômicas de preço em US$ 60,50 o barril este ano e de US$ 74,5 o barril no ano que vem. Na divulgação anterior, os valores utilizados eram de US$ 52 o barril em 2009 e de US$ 62,5 o barril em 2010.

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