Fipe eleva para 0,91% a projeção do IPC em fevereiro

A pressão inesperada em serviços de telecomunicação no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da terceira leitura do mês fez o coordenador do indicador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, elevar a projeção para o IPC fechado deste mês, de 0,80% para 0,91%.

Na terceira medição, a inflação na capital paulista desacelerou para 1,00% (ante 1,18%), mas ficou acima da taxa de 0,93% prevista pelo economista.

“Basicamente porque não antecipamos alguns movimentos de alta em serviços de telecomunicação, como reajustes tanto em celular, pré-pago e pós-pago, quanto no combo de TV, internet e telefone”, argumentou.

Se a taxa de 0,91% para o IPC for alcançada em fevereiro, ficará inferior à de 1,22% apurada no mesmo mês de 2015 e também menor que a de 1,37% observada em janeiro deste ano. “Apesar da desaceleração da taxa, o nível ainda é bastante elevado”, disse.

De acordo com a Fipe, a variação do combo ficou positiva em 2,46%, enquanto a projeção era de 0,57%, enquanto a recarga de celulares, cuja estimativa era 0,21%, veio mais de quatro vezes maior, em 0,84%. “Por conta disso, o grupo Habitação veio maior, em 0,78% (ante 0,69%) do que nossa previsão (de 0,68%), o que provoca revisão na projeção para o IPC”, afirmou.

“Tem ainda o efeito da troca de energia, que está estável, com água e esgoto, que está subindo, por causa de mudanças de regras da Sabesp para quem economizar”, completou.

Além da alta nos produtos de telecomunicação, a alteração na expectativa para a inflação fechada na cidade de São Paulo também deve-se, segundo Chagas, à cobrança da alíquota cheia de PIS e Cofins de itens como smartphones e computadores no fim do ano passado.

Ele citou como exemplo de alta equipamentos de informática e telefonia (1,98%), com destaque para microcomputador (1,72%), notebook (1,26%) e cartucho para impressora (5,00%), que também integram o grupo Habitação. O economista mencionou ainda o aumento de 2,72% no preço de televisor, refletindo a proximidade com itens de informática.

No grupo Despesas Pessoais, o coordenador da Fipe chamou a atenção para os primeiros efeitos do reajuste médio de 10% nos preços de cigarros pelas duas principais marcas fabricantes na capital paulista. “Já captamos uma fração mínima do efeito. A maior parte do impacto deve vir no fechamento do IPC, o que também nos motivou a rever a projeção para fevereiro”, acrescentou.

No IPC da terceira quadrissemana – últimos 30 dias terminados no domingo (21) -, o conjunto de preços de Despesas Pessoais acelerou para 0,67% (ante 0,37%), devido ao encarecimento em pacotes de viagem (1,70%). “Talvez o consumidor já esteja se preparando para algum feriado”, avaliou, ao prever 0,89% para o grupo.

Em contrapartida, a Fipe espera desaceleração do ritmo de alta do grupo Transportes para 1,06%, após 1,79% na terceira leitura do mês, à medida que vão diminuindo os efeitos dos reajustes das tarifas de transporte urbano e das altas nos preços de combustíveis.

Chagas também acredita que a inflação de alimentos, que arrefeceu para 1,10% na terceira quadrissemana, após 1,40%, termine o mês em 1,08%, especialmente em virtude do alívio nos preços dos produtos in natura.

“Percebemos uma desaceleração em Alimentação desde o fechamento em janeiro. O forte disso é a perda de ímpeto nos preços dos in natura”, explicou. Depois de fechar o primeiro mês em 9,68%, os alimentos in natura reduziram a velocidade de alta até chegarem a 3,20% na terceira quadrissemana do mês.

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