Fed: EUA devem agir para reduzir déficit orçamentário

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, instou hoje os legisladores a se comprometerem com a redução do déficit orçamentário norte-americano de quase US$ 2 trilhões, alertando que o país não pode tomar empréstimos “indefinidamente” para atender a demanda crescente por seus recursos. Ele também reiterou que o ritmo de contração econômica nos EUA parece estar desacelerando, preparando o terreno para um retorno do crescimento mais tarde ainda este ano.

“A não ser que demonstremos um forte compromisso com a sustentabilidade fiscal no longo prazo, não teremos nem estabilidade financeira nem crescimento econômico saudável”, disse Bernanke, em discurso preparado para o Comitê Orçamentário da Câmara.

A Casa Branca estima que o déficit orçamentário atingirá cerca de US$ 1,8 trilhão este ano e cairá para cerca de US$ 900 bilhões até 2011. Isso, disse Bernanke, elevará a relação dívida/PIB de 40% antes do início da crise financeira para 70% até 2011, que seria a maior desde a Segunda Guerra Mundial.

“Certamente, nossa economia e mercados financeiros enfrentam desafios de curto prazo extraordinários, e ações fortes e oportunas para responder a esses desafios são necessárias e apropriadas”, afirmou Bernanke. Entretanto, a aposentadoria da geração Baby Boom – período entre 1946 e 1964 marcado pelo alto crescimento da taxa de natalidade – colocará um peso ainda maior em programas como Seguridade Social e de atendimento médico (Medicare) e “não poderemos continuar tomando empréstimos indefinidamente para atender essas demandas”, acrescentou.

Bernanke sugeriu que as preocupações fiscais já podem estar tendo efeito sobre os mercados. “Os yields (rendimentos) dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) de prazo mais longo e os juros hipotecários fixos subiram”, observou. “Esses aumentos parecem refletir as preocupações com os largos déficits federais, mas também outros motivos, incluindo maior otimismo sobre a perspectiva econômica, uma reversão do fluxo de busca por qualidade, e fatores técnicos relacionados ao hedge (proteção) de posições em hipotecas”, disse Bernanke.

Bernanke afirmou ainda que a capacidade dos bancos de levantar capital novo “sugere que os investidores estão demonstrando maior confiança no sistema bancário”. Mas, para ele, embora as condições financeiras tenham melhorado desde o começo deste ano, elas permanecem sob estresse e continuam agindo como obstáculo na economia. Bernanke alertou que, quando a recuperação econômica dos EUA começar, o crescimento permanecerá abaixo do potencial de longo prazo “por algum tempo”.

Emprego

O presidente do Fed mostrou ainda perspectiva cautelosa sobre a economia norte-americana, afirmando que vê melhora no sentimento do consumidor, ainda que os gastos continuem estáveis, e “alguns sinais” de que o setor imobiliário “atingiu o ponto mais baixo”. Ele prevê ainda que perdas “consideráveis” de emprego continuem nos próximos meses, elevando a taxa de desemprego no país. As informações são da Dow Jones.

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