Fecomercio: varejo tem crescimento recorde no trimestre

O aumento da renda familiar, a queda do desemprego e a maior oferta de crédito no mercado impulsionaram o comércio varejista na região metropolitana de São Paulo no primeiro trimestre. Divulgada hoje pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) aponta crescimento de 11% no faturamento real do setor em relação aos três primeiros meses de 2009. Na comparação trimestral, a alta é a maior registrada na série mais recente do indicador, iniciada em 2000.

O resultado foi puxado pelo desempenho do comércio varejista no mês de março, que registrou crescimento de 13,6% no faturamento ante o mesmo mês do ano passado. Os economistas da entidade observam que, no primeiro trimestre de 2010, a massa de rendimentos na região metropolitana cresceu 2% ante o mesmo período de 2009, de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O nível de desemprego ficou num dos menores patamares dos últimos anos, flutuando ao redor dos 8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os analistas observaram ainda que a concessão de crédito para as pessoas físicas cresceu 22% ante o mesmo intervalo de 2009, segundo dados do Banco Central (BC), o que dilatou os prazos e ofereceu financiamentos a custos menores aos consumidores. “Os paulistas estão mais propensos ao consumo e dispostos a manter esse ritmo de compras nos próximos meses”, avalia Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio-SP.

A alta trimestral do indicador foi puxada pelos setores que têm maior peso no varejo: Supermercados (3,4%) e Comércio Automotivo (16,8%). De acordo com a entidade, a venda de bens básicos, como alimentos e produtos perecíveis, segue em trajetória de crescimento desde o fim de 2009. Em março, o segmento registrou alta de 7,1% ante o mesmo mês do ano passado. Os economistas da Fecomercio-SP salientam que a base comparativa é relativamente alta, uma vez que, durante a crise financeira mundial, os consumidores direcionavam suas compras essencialmente para os bens de consumo não-duráveis, caso principalmente dos alimentos.

O desempenho do Comércio Automotivo no primeiro trimestre deste ano é creditado pela entidade à antecipação do consumo com vistas ao retorno da cobrança integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de veículos zero, que voltou ao atual patamar em 31 de março. O segmento, que registrou quedas consecutivas no primeiro semestre de 2009, voltou a registrar altas na segunda metade do ano passado e segue em trajetória de crescimento, devido aos benefícios fiscais concedidos pelo governo federal.

Carvalho acredita que o setor deve iniciar movimento de baixa nos próximos meses, ainda que o consumidor continue a ser beneficiado por preços promocionais, dada a intenção dos fabricantes de manter os preços dos automóveis sem o repasse total do retorno do IPI.

Entre os outros segmentos que integram a pesquisa, quatro apresentaram alta no faturamento real no primeiro trimestre deste ano e dois registraram baixa. O setor de Vestuário, Tecidos e Calçados teve salto de 14,4% ante o mesmo período do ano passado, seguido pelos segmentos de Móveis e Decorações (13,6%), Farmácias e Perfumarias (13,2%) e Eletrodomésticos e Eletrônicos (12%). Os setores que apresentaram retração foram o de Departamentos (baixa de 1,7%) e de Material de Construção (recuo de 1,5%). De acordo com a entidade, a tendência é de que todos os setores cresçam a taxas moderadas nos próximos meses.

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