Falta de infra-estrutura consome 13% da safra

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Fila de caminhões para o porto:
um dos locais de perda.

Rio (das agências) – Cerca de 13% da safra brasileira de arroz, feijão, milho, soja e trigo se perde entre o plantio, a colheita, o transporte e a armazenagem. Um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta terça-feira mostra que, entre 1996 e 2002, o País deixou de colher cerca de 28 milhões de toneladas de grãos. O ano mais crítico foi o de 2000, quando se deixou de colher 6,6 milhões de toneladas e a cultura do trigo foi a mais prejudicada, com perdas da ordem de 4,1 milhões de toneladas, ou seja, 32% da produção.

Durante a colheita, por exemplo, as perdas destes grãos ocorrem por causa da falta de manutenção das máquinas ou pelas limitações da colheita manual. Em cada 10 sacas, 1,3 se perde. O desperdício maior, no entanto, ocorre no transporte e na armazenagem.

A publicação Indicadores Agropecuários 1996-2002 mostra que as perdas antes da colheita estão relacionadas a fatores climáticos e às doenças da lavoura. Na avaliação do coordenador de Agropecuária do IBGE, Carlos Alberto Lauria, esses fatores não podem ser controlados, mas devem ser amenizados com investimentos. ?No caso da seca, o produtor pode proteger sua cultura investindo em irrigação. No caso da chuva, é recomendável que o produtor faça um gerenciamento para saber a melhor época de plantio e, quanto às doenças, o uso de defensivos ainda é a melhor prática?, disse.

Quanto ao armazenamento, as perdas estão relacionadas à falta de mão-de-obra qualificada para o manuseio dos grãos e também pelas condições inadequadas dos silos de estocagem.

O engenheiro agrônomo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Nilton Pereira da Costa, especialista em soja e que também participou do estudo, disse que a expectativa de perda de soja para a safra 2004/2005 é de 44 milhões de sacas, ou seja, 2,6 milhões de toneladas, o que corresponde a quase 3% da produção estimada para este ano. Em valores, as perdas chegam a R$ 1,3 bilhão, dinheiro que, conforme explicou, daria para comprar 12 mil tratores, ou 62 mil carros populares, ou ainda 8,2 milhões de cestas básicas.

Transporte

As perdas na colheita são causadas principalmente pela falta de manutenção e regulagem de colheitadeiras e por adversidades climáticas. Na fase de transporte e armazenamento, as perdas são decorrentes da insuficiência estrutural ou da inadequação da rede de armazenagem.

As maiores perdas ocorrem durante o transporte a longa distância, na maioria das vezes entre a empresa e o exportador. A quebra oscila entre 5% e 10%, de acordo com o produto. Estima-se que cerca de 60% das cargas brasileiras do agronegócio são transportadas pelas rodovias, que em sua maioria não apresentam condições adequadas.

Segundo Lauria, o estudo mostra a necessidade de se investir mais em infra-estrutura. ?Precisamos melhorar a infra-estrutura das estradas. No armazenamento ainda existe perda por mão-de-obra não qualificada?, disse.

A cultura do milho carece de mais atenção da pesquisa tecnológica, segundo o IBGE. No período de 1996 a 2002, o milho apresentou as perdas mais significativas, da ordem de 54%. Em 2003 as perdas superaram o total exportado. O Brasil exportou 3,6 milhões de toneladas e perdeu 4,1 milhões de toneladas no transporte ou no armazenamento.

PRF abre ?Operação Safra? nas rodovias

Durante os próximos três meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai intensificar a fiscalização nas rodovias que cortam o Paraná, principalmente no trecho da BR-277, que liga Curitiba a Paranaguá. Chamado de Operação Safra, o trabalho visa orientar o trânsito, combater a criminalidade e garantir a fluidez do tráfego. Uma das medidas que farão parte da operação será a limitação do uso do acostamento.

De acordo com o chefe de Operações da PRF do Paraná, Gilson Luiz Cortiano, essa será a primeira vez que a polícia fará um trabalho intensivo nas rodovias neste período, que é considerado crítico, devido ao movimento de caminhões em direção ao Porto de Paranaguá. ?Todos os anos aumentam as ocorrências de assaltos aos caminhoneiros, acidentes de trânsito e prostituição infantil. Com a operação queremos diminuir esses problemas?, falou.

Como parte das ações da Operação Safra, a PRF fará um controle da fila dos caminhões no acostamento, limitando até o quilômetro 30 da rodovia BR-277 a permanência dos motoristas. Também irá orientar que a cada dois quilômetros se mantenha um espaço no acostamento de 500 metros entre os caminhões, que poderá ser utilizado em casos de emergência. Um controle do número de veículos será feito no Contorno Leste, onde os motoristas deverão aguardar para prosseguirem viagem.

?Queremos com isso evitar que a fila se forme em áreas de risco, como na Serra do Mar, onde a visibilidade é restrita, e no trecho urbano de Curitiba, onde há um intenso trânsito de veículos?, explicou o policial. Os caminhões não poderão ficar parados em frente a casas, pontos comerciais, escolas ou paradas de ônibus. Com a operação a PRF também pretende evitar os enormes congestionamentos na rodovia, semelhantes aos que aconteceram no ano passado, em que a fila atingiu 120 quilômetros.

A Operação Safra – que começou ontem e segue até o dia 15 de junho – será realizada nos 1.100 quilômetros sob circunscrição da Polícia Rodoviária Federal no Paraná, que corresponde às rodovias BRs 277, 116, 376 e 373. Será empregado um efetivo de 75 policias que atuarão 24h por dia. A PRF também contará com o apoio de outros órgãos durante a operação, entre os quais, Ibama, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vigilância Sanitária, Conselho Tutelar, Polícia Militar e concessionárias de rodovias. (Rosângela Oliveira)

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