EUA bem perto de uma crise sem precedentes

Paulo Volcker, o ex-presidente do Federal Reserve Board, o banco central dos Estados Unidos, estima em 75% a chance de o país enfrentar uma catastrófica crise de pagamentos nos próximos cinco anos. O ex-secretário do Tesouro, Robert Rubin, o arquiteto do mais longo período de prosperidade da economia americana, nos anos 90s, quando os déficits fiscais viraram saldos e o país começou a amortizar sua dívida pública, é igualmente pessimista.

Washington – Alarmado com a implosão das contas públicas ocorrida durante a atual administração republicana do presidente George W. Bush, e com a crescente dependência do capital externo para financiar seu déficit em conta corrente, o democrata Robert Rubin advertiu recentemente que “a tradicional imunidade de países avançados, como a América, a uma crise (financeira) do tipo que ocorre no terceiro mundo não é um direito de nascença”. Segundo ele, os EUA aproximam-se de “um sério ajuste de contas”.

Até o Fundo Monetário Internacional já soou o alarme, num estudo recente sobre a economia de seu maior sócio. Peter Peterson, ex-secretário do Comércio e atual presidente da firma de investimentos Blakstone Group, escreveu um livro para tentar despertar os americanos para a crise que se avizinha e criar um ambiente político mais propício para que se façam as reformas de programas como a seguridade social e o seguro federal de saúde, necessárias para evitar o desastre.

Acompanhado por Rubin, o republicano Peterson lançou ontem Running on Empty, durante um almoço com a nata do establishment no Institute of International Economics, cujo prédio leva seu nome. A presença, na mesa principal, do atual presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan, sublinhou a importância e atualidade do tema.

No livro, cujo título significa “rodando com o tanque vazio”, Peterson explica “como os partidos Democrata e Republicano estão arruinando nosso futuro e o que os americanos podem fazer”. Inspirado pelo exemplo da comissão nacional que investigou os atentados terroristas de 11 de setembro, que ganhou o apoio do país, Peterson pediu ontem que o presidente George W. Bush e seu desafiante democrata, o senador John Kerry, assumam desde já o compromisso de nomear uma comissão bipartidária para estudar o problema e propor as amargas medidas de ajustamento econômico que os americanos terão que engolir para voltar a poupar, em lugar de viver da poupança externa, e aprender novamente a viver de acordo com seus meios.

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