Em meio à crise, indústria cresce 4,1%

Rio

(AE) – Após oito meses de quedas consecutivas, a produção industrial do País avançou 6% em abril, sobre o mesmo período do ano anterior. Na comparação com março, houve aumento de 4,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da recuperação em abril, a produção está praticamente estagnada este ano – fechou o quadrimestre com leve queda de 0,1% – e permanece a avaliação de que a retomada ocorre de forma lenta.

“Assim como a queda em março (-3,7%) foi pontual, este aumento tão forte deve ser pontual, mas a taxa contra o ano passado deverá continuar positiva”, afirmou a economista da Tendências Consultoria, Marcela Prada.

O presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida reconhece que há sinais de uma “pequena recuperação”, mas explica que fatores sazonais influenciaram a taxa apurada pelo IBGE.

Dias úteis

O próprio IBGE reconhece que o fato de a Semana Santa, tradicionalmente em abril, ter sido em março afetou a comparação com relação ao mês anterior, apesar dos ajustes sazonais. Além disso, a proximidade da Copa do Mundo e do Dias das Mães geraram impactos positivos sobre alguns produtos, como os televisores.

Já na comparação com o ano passado, o mês de abril deste ano teve mais dias úteis, o que aumentou o peso da produção.

Por este motivo, o chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Silvio Sales, buscou a comparação por bimestres, o que reduz o chamado “efeito-calendário”.

Houve uma reversão de desempenho e o crescimento de 1,2% do segundo bimestre sobre o ano passado quase anula totalmente a queda de 1,3% do primeiro bimestre. “A entrada do segundo bimestre alterou o índice do início do ano”, comenta Sales, citando também que a partir de abril do ano passado o ritmo industrial ficou mais fraco, o que reduz a base de comparação.

Em abril, 17 dos 20 ramos pesquisados apresentaram avanço, na comparação com o ano passado, com destaque para produtos alimentares (8,5%), mecânica (8,4%) e material elétrico e de telecomunicações (11%).

Na comparação com abril de 2001, o principal crescimento é do setor extrativo mineral (15,7%), “por causa do contínuo crescimento da produção de petróleo e gás natural”. A contribuição é tamanha que, excluído este setor, a queda acumulada de 0,1% no ano passaria, por hipótese, para um recuo de 1,2%.

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