Dólar fecha em R$ 3,57 e bate recorde no Plano Real

O dólar alcançou hoje novo recorde no Plano Real, ao fechar cotado a R$ 3,565 na compra e R$ 3,570 na venda, com alta de 4,84%. A segunda-feira foi de grande tensão e pouquíssimos negócios. O motivo do nervosismo foi essencialmente o cenário eleitoral interno, mas a turbulência das bolsas européias e americanas contribuiu para agravar o quadro. O Banco Central voltou a intervir no mercado, por meio da oferta de dólares, mas não teve como conter as cotações.

Os negócios já iniciaram sob forte tensão, com os investidores repercutindo a pesquisa Datafolha divulgada no fim-de-semana. O instituto detectou crescimento de quatro pontos percentuais do candidato oposicionista Luiz Inácio Lula da Silva, contra uma queda de dois pontos do tucano José Serra, o preferido dos investidores. A pesquisa contrariou números divulgados na sexta-feira pelo Ibope, que mostravam queda de dois pontos do presidenciável petista. Os novos números trouxeram de volta o temor de uma vitória de Lula logo no primeiro turno da eleição.

Como se não bastasse a turbulência interna, o mercado internacional também colaborou para o nervosismo, devido à repercussão de índices negativos e desempenho abaixo do esperado para grandes corporações. Além disso, é cada vez maior o temor de um ataque americano ao Iraque.

A Bovespa acelera tendência de queda nesta tarde. Às 15h33, o Índice Bovespa atingia a mínima de 9.159 pontos, com queda de 4,44%. É a menor pontuação do índice desde o fechamento de 3 de março de 1999. O volume de negócios totalizava R$ 231 milhões, considerado baixo para este horário.

Telemar PN, carro-chefe da bolsa, tem queda de 5,34% e é grande influência no resultado geral do índice, já que responde por 13,8% de sua composição. Petrobras PN, também representativa na composição do Ibovespa, recua 3,77%.

Entre as ações que fazem parte do índice, as maiores quedas são de Cemig ON (-8,8%) e Telesp Celular Participações PN (-8,6%). Das 56 ações que fazem parte do Ibovespa, apenas as exportadoras Vale do Rio Doce PNA (+2,3%), Aracruz PNB (+1,1%) e Souza Cruz ON (+0,6%) estão em alta.

O risco-país brasileiro registra alta expressiva, num reflexo da desconfiança dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Contribui para a aversão ao risco o cenário eleitoral brasileiro nebuloso e as fortes quedas das bolsas americanas. Às 16 horas, o indicador tinha 2.183 pontos-base, com alta de 10,41%. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, recua 5,92%, cotado a US$ 0,51.

Ainda no cenário interno, outro fatorde pressão diz respeito ao resgate de US$ 1,5 bilhão em dívida atrelada ao câmbio que o Banco Central desistiu de renovar. Os contratos serão resgatados na quarta-feira e serão reajustados pela Ptax de amanhã. A Ptax é a média das cotações do dólar em um dia. Com isso, os investidores que irão resgatar os recursos puxam as cotações do dólar, para conseguirem remuneração melhor na data da liquidação.

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