Dilma não crê em conter inflação reduzindo crescimento

A presidente Dilma Rousseff concedeu nesta quarta-feira uma contundente entrevista à imprensa em que afirmou que “não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico”. Segundo ela, essa é uma questão “datada”. “Esse receituário que quer matar o doente, em vez de curar a doença é complicado. Vou acabar com o crescimento no país? Isso está datado. Isso eu acho que é uma política superada”, disse a presidente em entrevista à imprensa brasileira, em Durban, na África do sul, após encontro de chefes de Estado dos países dos Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Isso não significa que o governo não esteja atento. Não só estamos atentos como acompanhamos diuturnamente a questão da inflação. Não achamos que a inflação esteja fora de controle. Pelo contrário, ela está controlada. O que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos.”

Antes, ela fez a ressalva: “eu, geralmente, nas questões especificas de inflação, deixo para ser falado pelo ministro da Fazenda, mas vou adiantar algumas questões”. E continuou: “Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico. Até porque temos a contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e houve um aumento de inflação porque teve um choque de oferta devido à crise, e um dos fatores é externo. Não tem nada que possamos fazer a não ser expandir a nossa produção para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos.”

A presidente aproveitou para criticar os analistas que pensam diferente. “São sempre as mesmas vozes, você não ouviu isso do governo (que seria preciso reduzir o crescimento para combater a inflação). Não achamos que há essa relação.”

Com relação à eventual necessidade de se aumentar a taxa de desemprego para reduzir a inflação, ela disse que o problema do pleno emprego será resolvido com aumento da capacitação. “Você vai resolver, não é reduzindo o crescimento. Nós temos uma demanda grande por emprego mais especializado, de maior qualidade, e temos uma sobra de emprego menos especializado. Estamos fazendo junto com o setor privado um grande programa de especialização.”