Dilma defende investimento e nega conflitos

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, cobrou mais investimentos em logística e energia e defendeu que o governo não ultrapasse a meta fiscal prevista para este ano. Ela, no entanto, negou que faça oposição dentro do governo ao ministro Antônio Palocci (Fazenda), principal defensor na Esplanada de uma política econômica mais conservadora.

Segundo Dilma, os investimentos em logística e energia são pilares da economia que devem ser somados à estabilidade econômica. ?O País tem que ter uma economia baseada no pilar da estabilidade e da robustez macroeconômica, no pilar da logística e no pilar da energia?, afirmou a ministra, que participou ontem de seminário sobre o Proálcool em São Paulo.

Dilma também afirmou que a meta de superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os pagamentos de juros) de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país) deve ser cumprida. ?A minha posição é a do governo e a posição do governo é a meta que o governo estabeleceu.? Entre janeiro e setembro, o governo já ultrapassou a meta de superávit de todo este ano em R$ 3 bilhões.

?Um governo não é como uma pessoa, que quando sobrou dinheiro podemos gastar em que quisermos. O governo não pode se dar esse direito. O governo deve gastar em atividades que resultem em benefícios para a economia do país, e para o conjunto de sua população.?

Ela afirmou que atualmente existe um esforço para antecipar gastos que já eram previstos para 2006. ?Temos que gastar em estradas, ferrovias, portos, em tudo que se refere à segurança pública, na ampliação do programa de cisternas. De maneira nenhuma, nós podemos nos dar ao luxo de gastar errado.?

No último trimestre, o governo pode acelerar os gastos ou manter a folga e realizar uma economia de recursos para o pagamento de juros acima do previsto. Palocci já se mostrou favorável à segunda opção.

Apontada como um contraponto a Palocci dentro do governo, Dilma disse que a Fazenda também quer o aumento dos investimentos e negou que exista oposição com a Casa Civil.

?A posição da Fazenda e da Casa Civil são complementares até porque hoje a consciência de que esses recursos são para gastar é a mesma na Casa Civil e na Fazenda. A Fazenda também percebe claramente a importância de se gastar e investir em infra-estrutura. Acredito que tem muita agitação e pouca base?, disse.

Dilma também afirmou que os gastos em infra-estrutura têm aumentado. Anteontem, no entanto, levantamento da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) informou que o governo gastou apenas 27% dos investimentos previstos para 2005 em infra-estrutura.

Segundo o levantamento, dos R$ 5,76 bilhões autorizados pelo Ministério da Fazenda para o ano, somente R$ 1,55 bilhão foi gasto até novembro.

Gás para veículos deve ser reajustado, de novo

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que pode haver novo reajuste de GNV (Gás Natural Veicular) -utilizado em carros. Em suas palavras, um novo ajuste é ?inexorável? e pode ocorrer por preço ou pela diminuição de quantidade de gás fornecida, uma vez que a capacidade de produção do gás hoje no País é limitada. Ela não deu prazos para o eventual reajuste e disse que o horizonte de tempo ocorrerá em função da demanda de gás natural. ?É inexorável que o ajuste se dê. Ou o mercado fica estagnado ou você tem um aumento de preço?, afirma.

Segundo Rousseff, o preço do gás natural em relação ao álcool e à gasolina é baixo. Por outro lado, a falta de gás natural atualmente para suprir a demanda impede, por exemplo, a migração de usuários de álcool e gasolina para veículos com GNV. ?Não tem como deslocar os usuários porque não há gás natural. As condições para produzir mais gás hoje inexistem. Não há como fornecer mais gás natural veicular. O gás não dá em árvore.?

O último reajuste de gás natural ocorreu em 1.º de novembro, na segunda parcela do reajuste dos preços do gás natural produzido no Brasil e na Bolívia. O gás natural brasileiro foi reajustado em 5% e o gás boliviano em 10%.

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