Desempenho industrial mostra desaceleração

Depois de um ano bastante positivo tanto na produção industrial quanto na geração da economia, o que se vê agora no Paraná é um movimento de desaceleração. Esta é uma das principais conclusões dos Indicadores da Indústria Paranaense divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), em conjunto com a Federação dos Trabalhadores na Indústria do Paraná (Fetiep).  

Conforme o levantamento, o nível de emprego na indústria do Paraná apresentou variação de 0,20% em janeiro sobre dezembro, com o saldo de 933 vagas. ?Foi a menor variação do mês de janeiro desde 2001?, apontou o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro. No ano passado, a variação em janeiro foi de 0,38%, com o saldo de 1.640 vagas. O desempenho do Paraná ficou inclusive abaixo da média nacional, que foi de 0,56%.

O baixo desempenho do emprego é reflexo da produção industrial, que continua crescendo, mas em patamares menos elevados. Em janeiro, a produção industrial aumentou 1,95% em relação a dezembro e 10,92% sobre janeiro de 2003. ?A gente já trabalhava com a estimativa de que a indústria iria crescer menos este ano, entre 5% e 8%, contra os 10,07% no ano passado. Mas a contínua alta de juros (a Selic está em 19,25%) pode comprometer a estimativa que fizemos?, analisou Cordeiro. ?Por enquanto, trata-se de uma desaceleração leve, mas poderá se acentuar?, alertou.

Segundo Cordeiro, os setores que devem ser mais afetados pela atual política econômica – juros elevados e a valorização do real – são os de bens duráveis (máquinas e equipamentos) e aqueles voltados para exportação – móveis, produtos metalúrgicos, madeira e setor químico. Na outra ponta, devem ter bom desempenho este ano os setores de bens não duráveis (alimentos e bebidas) e semiduráveis (calçados, vestuário).

Para o economista, o cenário só deve melhorar caso haja uma compensação da massa salarial. É que no dia 1.º de maio entrará em vigor o novo salário mínimo, de R$ 300,00 – o que representa aumento real de 9%. ?Talvez o aumento da renda da população reverta a estimativa negativa.?

Desemprego no interior

Pela primeira vez desde 2001 a variação de empregos no interior ficou abaixo da Grande Curitiba. Em janeiro, enquanto a Região Metropolitana de Curitiba apresentou variação positiva de 0,98% -com o saldo de 1.544 empregos -, no interior houve queda de 0,19% – com o saldo negativo de 611 vagas. O mau desempenho ficou por conta da agroindústria, que registrou a perda de 1.536 vagas em janeiro, especialmente nas atividades de produção de álcool (-2.481 vagas) e fabricação e refino de açúcar (-423).

?Esse resultado mostra a mudança da dinâmica da produção e do emprego?, apontou Cordeiro. Curitiba e a Região Metropolitana, lembrou, contam com indústrias que vêm registrando bom desempenho, como é o caso das montadoras, indústria mecânica e metalúrgica e de impressão -só esta última registrou o aumento da produção de 192% em janeiro em relação a dezembro. 

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