Curitiba começa o ano com queda na inflação

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Tarifa mais baixa aos
domingos influenciou o IPC.

A redução do preço da tarifa de ônibus aos domingos e as quedas nos preços de passagem de avião e da gasolina contribuíram para a inflação crescer apenas 0,52% em Curitiba no mês de janeiro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Divulgado ontem pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o índice é 0,27 ponto percentual menor do que o calculado em dezembro (0,79%). "O número ficou bem abaixo do previsto, que era entre 0,8% e 0,9%, pois janeiro é um mês que costumeiramente tem alta na inflação", afirma Gino Schlesinger, técnico da pesquisa. Em janeiro de 2004, o IPC tinha sido de 1,72%. "Neste ano, o resultado se explica pelas altas nas despesas pessoais balanceadas pela grande baixa nos transportes."

O grupo que teve maior influência sobre os preços no mês foi o de Despesas Pessoais, com variação de 1,91%. "Trata-se de um aumento sazonal, pois fazem parte desse grupo itens de educação e de turismo, que sempre tem altas em janeiro", explica Schlesinger. Os itens que mais pressionaram a inflação do grupo foram o curso médio – 2.º grau (8,09%); excursão (não escolar) (8,06%); curso pré-escolar (7,92%); curso superior (7,82%); curso fundamental – 1.ª a 8.ª série (7,50%) e cigarros (2,28%).

Apesar do aumento no preço dos automóveis de passeio zero, de 2,55%, ter sido o item que mais contribuiu negativamente para a inflação, as quedas no preço da tarifa de ônibus urbano (-4,03%), na passagem de avião (-13,35%) e na gasolina (-2,36) fizeram com que o grupo Transporte e Comunicações fosse fundamental para segurar o valor do IPC. "Esse é um dos grupos com maior impacto geral no índice. Por isso, mesmo ele ter decrescido apenas 0,42% teve uma influência tão positiva", diz Schlesinger. O técnico explica que a grande diminuição na tarifa de ônibus urbano se deve ao preço de R$ 1,00 da passagem aos domingos. "Mesmo sendo apenas em um dia, a diminuição do preço faz com que a média do resto da semana decresça", diz.

Os grupos Alimentos e Bebidas e Saúde e Cuidados Pessoais também tiveram altas, de 1,12% e 1,41%, respectivamente. Os grupos Habitação e Artigos de Residência ficaram praticamente estáveis, com 0,08% e 0,04%. Já o grupo Vestuário apresentou queda de 1,10% em comparação a dezembro.

Em janeiro foram coletados aproximadamente 80 mil preços de 339 produtos pesquisados. 217 registraram aumento e apenas 106 apresentaram queda. "Os produtos influenciam a inflação de forma diferente. A cenoura aumentou quase 50% e o preço dos automóveis mais de 2%. Mas no caso dos veículos, o impacto no preço final é muito maior no bolso do consumidor", explica Schlesinger.

Fevereiro

Segundo a diretora do Centro Estadual de Estatísticas, Sachiko Araki Lira, a tendência do IPC de fevereiro é ficar parecido ou até menor do que o de janeiro. "Impostos como o IPTU e o IPVA e o aumento nas tarifas de água e esgoto e energia elétrica já terão um impacto de 0,07% no índice do próximo mês", afirma. Nesses casos, o aumento maior será em março, quando os aumentos nas tarifas serão integralmente repassados ao consumidor e os impostos são pagos sem desconto. "O que mantém a inflação baixa em fevereiro é que os custos que aumentam em janeiro, como a educação, não vão mais pesar", esclarece a diretora.

IGP-DI cai, mas preços no varejo sobem

A inflação medida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) recuou para 0,33% em janeiro. Essa é a menor taxa desde a deflação registrada em julho de 2003 (-0,20%). Em dezembro, o indicador havia apurado alta de 0,52%, o segundo menor resultado do ano passado. Apesar da desaceleração na taxa, os preços ao consumidor continuam em alta.

No acumulado de 12 meses, a taxa está em 11,61%, valor que deve servir de referência para o reajuste das tarifas de ligações de telefones fixos para celulares, que pode sair ainda neste mês.

O recuo na taxa de inflação pode ser justificado pela desaceleração no atacado. O IPA (Índice de Preços do Atacado) representa 60% da composição do índice de inflação da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e passou de 0,48% em dezembro para 0,08% em janeiro.

A deflação nos preços dos combustíveis para produção contribuiu para a redução da taxa. Eles passaram de 0,92% em dezembro para -0,14% em janeiro. Neste grupo, o óleo diesel teve a desaceleração mais significativa e registrou alta de 0,39%, ante uma variação de 6,53% em dezembro.

Alguns itens, como os produtos químicos, intensificaram a trajetória de queda. O benzeno passou de -9,04% em dezembro para -15,07% em janeiro.

Os alimentos no atacado também registraram recuo nos preços. As matérias-primas brutas, compostas em sua maioria por itens agropecuários, registraram queda de 0,64%, ante uma alta de 0,35% no mês anterior. Os ovos recuaram de 6,93% em dezembro para deflação de 10,25% em janeiro.

Consumidor

Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) avançou de 0,63% em dezembro para 0,85% em janeiro. As principais influências vieram dos grupos Alimentação e Educação, Leitura e Recreação, que têm aumentos sazonais no começo do ano.

O primeiro, em razão de fatores climáticos, passou de 0,48% para 1,17%. O principal item a registrar avanço nos preços foi hortaliças e legumes, que passou de deflação de 1% para alta de 6,63%. O grupo Educação, Leitura e Recreação sofre pressão com o reajuste definido em contrato de matrículas e mensalidades e passou de 0,45% para 2,98%. O curso de ensino superior passou de estabilidade em dezembro para alta de 4,46% em janeiro.

O avanço dos preços ao consumidor pode ser medido pelo núcleo, que exclui elementos mais voláteis. Ele passou de 0,48% para 0,61%, a maior taxa desde janeiro do ano passado.

Os custos na construção civil foram influenciados pelos itens materiais, serviços e mão-de-obra. Com isso, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) apurou alta de 0,75% em janeiro, ante uma variação de 0,51% em dezembro.

Fipe

Anteontem, foi divulgado o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP), que registrou variação de 0,56% em janeiro, menor do que em dezembro último (+0,67%) e em janeiro do ano passado (+0,65%).

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