Crise da Parmalat ainda não afeta produtores do Paraná

A crise da Parmalat preocupa, mas até o momento não atingiu os produtores paranaenses que fornecem leite para a Batávia, indústria de laticínios do grupo italiano instalada em Carambeí. “No Paraná, até agora não temos problemas de atraso nos pagamentos e dívidas”, informa Wilson Thiesen, presidente do Sindileite (Sindicato da Indústria e Latícinios e Derivados do Paraná) e do Conseleite (Conselho Paritário Indústria/Produtores de Leite do Paraná). Ele destaca também que existe o compromisso da Batávia de liquidar nesta sexta-feira o pagamento mensal aos fornecedores de leite, relativo ao mês de dezembro do ano passado.

A Batávia S/A foi criada em abril de 98, a partir da associação estratégica das cooperativas Central de Laticínios do Paraná Ltda (CCLPL) e Agromilk (de Santa Catarina) com a Parmalat Brasil. O controle acionário pertence à Parmalat, com 51% das ações, seguida da CCLPL, com 45,5% e Agromilk, com 3,5%. Atualmente conta com duas unidades industriais em Carambeí e uma em Concórdia (SC), vendendo mais de 300 produtos com a marca Batavo. Além das cooperativas Batavo, Castrolanda e Arapoti – que integram a Central de Laticínios do Paraná – há também pequenos produtores que fornecem leite para a Batávia.

Com 2,2 bilhões de litros produzidos no ano passado, o Paraná é responsável por 10% da produção brasileira de leite. O volume destinado à Batávia não chega a 10% do montante do Estado, segundo a Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Thiesen considera prematuro fazer avaliações sobre o futuro da Batávia. “Temos que aguardar o que vai acontecer com o grupo na Itália para saber como fica a situação no Brasil”, diz. Segundo ele, a possibilidade de os produtores assumirem o controle da Batávia não foi cogitada por enquanto.

Queda nos preços

Embora no Paraná a situação dos fornecedores da Parmalat aparente normalidade, os reflexos da concordata da empresa italiana já começam a ser sentidos no mercado. O preço de venda do leite está em queda, refletindo-se em menores valores pagos aos produtores. “Há muita promoção de leite longa vida e queijos com preços baixos que derrubam o preço pago ao produtor, mas não podemos afirmar que isso se deve só a crise da Parmalat”, declara Thiesen, ressaltando que em função do período de férias, a redução no consumo é sazonal.

O preço de referência do leite no Estado caiu de R$ 0,4128 por litro, em novembro, para R$ 0,4049 no início de dezembro. O valor de janeiro será divulgado na próxima terça-feira, na reunião mensal do Conseleite, mas a tendência é de nova queda, aponta Thiesen. Apesar de a redução parecer benéfica ao consumidor neste momento, o presidente do Sindileite e do Conseleite considera a situação preocupante “porque pode desestimular a produção a médio prazo e se refletir no consumidor”. “Com o leite longa vida vendido abaixo de R$ 1,00, há empresas operando abaixo do custo de produção. A tendência é faltar leite e os preços subirem demais.”

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