Consumo de gás recua 6,82% em dezembro no País

O setor de gás natural começa a sentir os efeitos da crise internacional. Pela primeira vez nos últimos 14 meses, o consumo de gás no Brasil recuou na comparação anual. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), as vendas diminuíram 6,82% em dezembro de 2008 ante igual intervalo de 2007, de 46,614 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) para 43,432 milhões de m³/d. Excluindo as térmicas, a desaceleração da demanda agregada da indústria, comércio, cogeração, residência e veículos foi mais expressiva, de 20,4%, caindo de 36,415 milhões de m³/d para 28,985 milhões de m³/d.

A classe industrial foi a principal responsável pela desaceleração das vendas. No período, o segmento deixou de consumir 5,97 milhões de m³/d. Isso representa uma queda de 23,79%, de 25,108 milhões de m³/d para 19,133 milhões de m³/d. Em termos de volume, o segundo maior recuo foi registrado no mercado de gás natural veicular (GNV), cuja demanda caiu 941,58 mil m³/d, ou 12,75%, de 7,379 milhões de m³/d para 6,438 milhões de m³/d.

As concessionárias também registraram queda de 25,65% nas vendas de gás para cogeração na comparação de dezembro de 2008 ante o mesmo mês de 2007, de 2,423 milhões de m³/d para 1,802 milhão de m³/d. O consumo do segmento comercial teve um ligeiro recuo de 2,1%, de 610,31 mil m³/d para 597,47 mil m³/d. Além da crise internacional, que afetou a produção de diversas indústrias, outros fatores que explicam a queda das vendas de gás foram o aumento de preço do insumo ao longo de 2008 e o rompimento do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), interrompendo o envio de gás boliviano para cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Essas reduções foram parcialmente compensadas pelo aumento de 41,6% na demanda de gás pelas termelétricas, passando de 10,119 milhões de m³/d para 14,446 milhões de m³/d no período. Esse incremento reflete a necessidade de despacho das térmicas para preservar os reservatórios das hidrelétricas e garantir a segurança energética do sistema elétrico brasileiro. Adicionalmente, as vendas para o segmento residencial cresceram em torno de 8,5%, de 667,99 mil m³/d para 724,95 mil de m³/d.

Com a queda da demanda, as distribuidoras diminuíram a compra de gás boliviano. Em dezembro de 2007, as concessionárias adquiriram 20,573 milhões de m³/d do insumo da Petrobras. Em dezembro de 2008, esse volume recuou para 13,922 milhões de m³/d, queda de 32,3%, segundo a Abegás – provavelmente, janeiro deste ano também deverá registrar queda no volume consumido de gás boliviano, já que o governo federal decidiu reduzir a importação do produto de 31 milhões de m³/d para 24 milhões de m³/d.

Entre as concessionárias, as vendas da Comgás (SP) caíram 15,36% em dezembro de 2008 ante igual intervalo de 2007, de 14,144 milhões de m³/d para 11,971 milhões de m³/d. No segmento industrial, a distribuidora registrou queda de 19,6% no consumo, de 9,957 milhões de m³/d para 8,004 milhões de m³/d. Na Bahiagás, o volume total comercializado diminuiu 36,37% no período, para 2,359 milhões de m³/d, sendo que na indústria o recuo foi de 41,5%, para 1,45 milhões de m³/d.

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