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Construção da Usina Hidrelétrica de Mauá entra na etapa final

Foi lançada há poucos dias a última carga de concreto compactado com rolo (CCR) na barragem da Usina Hidrelétrica Mauá, que terá 745 metros de comprimento na crista e 85 metros de altura máxima. O volume total de concreto produzido e aplicado para formar o maciço da barragem superou 630 mil metros cúbicos, material suficiente para construir pelo menos dez estádios como o Maracanã.

O trabalho de construção da estrutura, localizada no Rio Tibagi, foi iniciado em agosto de 2009. Incluindo o período de ensecamento e de preparação do leito do rio e da margem esquerda para o lançamento do concreto, foram 19 meses de trabalho.

Para que o cronograma fosse cumprido, a construção da barragem foi realizada em etapas, iniciando pela porção do maciço que fica sobre a margem direita até que o rio fosse desviado através de dois túneis escavados também nessa margem – etapa dificultada pelas grandes vazões registradas no final de 2009.

Agora, os trabalhos no local passam a se concentrar na finalização do vertedouro e nos acabamentos externos. Quando pronta, a barragem servirá como ponte para a transposição do Rio Tibagi, com uma pista de mão dupla e passagem para pedestres ligando os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira.

A Usina Mauá terá potência instalada de 361 megawatts – o suficiente para suprir o consumo de uma cidade com 1 milhão de habitantes – e deve começar a operar no segundo semestre deste ano. O empreendimento está a cargo do Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, uma parceria entre a Copel (com participação de 51%) e a Eletrosul (titular dos 49% restantes). Os investimentos totalizarão cerca de R$ 1 bilhão.

Inovação

A barragem da Usina Mauá foi construída em tempo recorde graças à adoção do método rampado para lançamento do concreto, que consiste na aplicação do material por meio de rampas com declividade de 7% a 10% e fôrmas com 2,4 metros (que é a altura de cada um dos degraus que formam a barragem) para cada bloco da construção, com extensão média de 20 metros.

Dessa maneira, o tamanho da área de espalhamento e compactação do concreto foi limitado, aumentando o intervalo de tempo entre as camadas e proporcionando mais tempo para secagem do concreto, o que dispensou o uso de argamassa colante.

Segundo Sérgio Luiz Lamy, superintendente do Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, em razão da grande extensão da barragem a inovação proporcionou economia de tempo e dinheiro. “Se o concreto fosse lançado em camadas inteiras na horizontal, uma após a outra, o processo seria mais lento e teríamos mais gastos com a argamassa”, disse. O CCR é um tipo de concreto menos fluido que o convencional, pois possui menor quantidade de água e cimento e, por isso, precisa ser adensado por rolos compactadores a cada aplicação.

Equipamentos modernos também agilizaram a instalação das juntas plásticas de contração colocadas entre os blocos de concreto da barragem. Uma escavadeira hidráulica com placa vibratória acoplada foi utilizada para inserir essas juntas sem que fosse preciso retirar parte do concreto já aplicado.

Exemplo

O trabalho desenvolvido na instalação da Usina Mauá desperta a atenção de estudantes e pesquisadores que realizaram dezenas de visitas técnicas ao empreendimento desde 2009. Duas comitivas estrangeiras estiveram no local especialmente para conhecer o método adotado para a construção da barragem: um grupo de estudantes de engenharia civil da França esteve na obra em 2010 e outro formado por engenheiros iranianos visitou o canteiro em janeiro deste ano.