Câmbio tira 1.015 exportadoras do mercado

Rio (AE) – O câmbio fraco está colocando firmas importadoras para dentro e empurrando exportadoras para fora do comércio exterior do País. Levantamento da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), com base em dados oficiais, mostra que de janeiro a maio foram quase 950 novas empresas fazendo importações. No mesmo período, contudo, o grupo das exportadoras encolheu em 1.015 empresas – este recuo já supera a queda do ano passado, quando 951 empresas deixaram as vendas externas.

O vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, estima que este ano o total de empresas importadoras crescerá em cerca de 1.500 e chegará perto de 24.200 firmas. Já o total das empresas exportadoras deverá encolher em 1.300 firmas. Com isso, o total de exportadoras, que foi de 17.657 em 2005, cairia para perto de 16.360, quase o mesmo número de 2000, ano em que 16.246 firmas fizeram vendas ao exterior.

De forma geral, o especialista explica que caso sua previsão se concretize, o País estará patinando, já que em 1994, por exemplo, havia 16.028 exportadoras. ?Estamos patinando. 12 anos depois, vamos ficar parecidos com 1994?, afirmou Castro. ?A razão para esse movimentos é o câmbio?, afirma Castro. No caso das empresas exportadoras, a maior parte das que abandona o comércio exterior é de menor porte, com exportações anuais abaixo de US$ 1 milhão.

A perda de rentabilidade para as empresas menores impede a permanência no comércio internacional. Já as empresas de maior porte, embora também sejam afetadas, têm mais musculatura financeira e estrutura para suportar a valorização. No lado oposto, o real valorizado favorece a importação de produtos, porque são necessários menos reais para pagar o valor em dólar. No grupo das novas importadoras, Castro avalia que podem estar entrando empresas independentes, que estruturam o negócio para trazer produtos com preços mais baratos para vender no País, e empresas industriais, que partem para buscar componentes no exterior. ?Podem simplesmente importar (peças e partes) para obter vantagens de custo e ficarem mais competitivas?, analisa.

Castro avalia que as exportações estão crescendo neste primeiro semestre principalmente por conta de dois grupos de produtos, cujas vendas estão aumentando em valor e volume, o petróleo e o minério de ferro. ?O crescimento deve-se, basicamente, a estes dois grupos de produtos?, afirma. Castro diz que houve aumentos mais fortes nas compras externas de carros, bebidas, alimentos e bens de capital.

A entidade revisará as projeções para o ano apenas no fim de julho. O vice-presidente da AEB antecipa, contudo, que a estimativa de saldo, hoje em US$ 41,8 bilhões, recuará abaixo do nível dos US$ 40 bilhões. No primeiro semestre, as exportações deverão fechar em US$ 60,3 bilhões e as importações em US$ 41,6 bilhões, com um saldo ao redor de US$ 18,7 bilhões, segundo a entidade. O saldo estimado para o período é US$ 900 milhões, inferior ao superávit do primeiro semestre do ano passado, de US$ 19,655 bilhões.

Voltar ao topo