Audiência

Bosch propõe indenização a demitidos

Os 826 trabalhadores demitidos da Bosch na última semana deverão discutir, na próxima segunda-feira, se aceitam ou não uma espécie de indenização, oferecida pela empresa, para encerrar o processo aberto no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR).

A proposta foi apresentada ontem, em audiência referente a um dissídio coletivo, requerido pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), que tenta suspender as demissões. A entidade já classificou a proposta como “irrisória”.

A proposta da Bosch surgiu após cerca de três horas de discussões. Do lado do SMC, a intenção era fazer a empresa recuar da decisão de demitir os empregados, e colocá-los em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) por até cinco meses, ou aplicar um banco de horas negativo. Mas as sugestões não foram aceitas pela companhia. “Infelizmente a empresa não aceita negociar”, afirmou o presidente do sindicato, Sérgio Butka.

Por outro lado, a empresa propôs pagar uma indenização aos trabalhadores demitidos, conforme o salário-base registrado na carteira de trabalho. Para aqueles que trabalharam na empresa por até cinco anos, a indenização seria de meio salário-base.

Empregados com cinco a 10 anos de serviço, receberiam um salário. Com 10 a 15 anos de empresa, um salário e meio. Por fim, quem estava há mais de 15 anos na Bosch receberia dois salários-base.

A audiência de ontem foi presidida pelo vice-presidente do TRT-PR, desembargador Luiz Eduardo Gunther, e teve também a participação da procuradora do trabalho Thereza Cristina Gosdal, além de advogados e representantes do sindicato e da empresa. Segundo o SMC, o próprio desembargador teria sugerido que a Bosch aceitasse a proposta de lay-off, classificando-a como “viável para que se ganhasse tempo”.

Ao final da audiência, o Sindicato dos Metalúrgicos informou, através de sua assessoria de imprensa, que esperava que as demissões fossem suspensas, pois “foram feitas de forma arbitrária, sem discussão prévia”.

Butka classificou a proposta da Bosch como “irrisória”. Mesmo assim, afirmou que a sugestão será levada aos trabalhadores e discutida em assembleia, marcada para a manhã da próxima segunda-feira.

No dia seguinte, será dada uma resposta à empresa, em nova audiência no TRT-PR, marcada para as 9h30. Amanhã, integrantes da empresa e sindicalistas irão se reunir em nova mesa redonda, também em Curitiba, mas dessa vez no Ministério Público do Trabalho, onde corre, em paralelo, outro processo sobre o assunto.