Bancos começam a limitar o crédito

Financeiras e bancos já estão mais seletivos na aprovação do crédito e diminuíram em cinco pontos porcentuais o nível aceitável de comprometimento da renda do consumidor com as prestações. O motivo da cautela é a disparada da inflação, que reduz a renda disponível da população para ir às compras e pagar dívidas do crediário.

A maior cautela por parte das instituições financeiras ocorre em um momento em que a inadimplência do consumidor ainda não dá sinais de aceleração porque o nível de emprego é crescente. Também até agora o governo apenas ensaiou medidas para conter o avanço do crédito, apesar de ter subido a taxa básica de juros, a Selic, para segurar a inflação e, com isso, encareceu os financiamentos.

Mas quem empresta dinheiro está preocupado e não quer correr riscos diante da perspectiva de arrefecimento da atividade econômica nos próximos meses e da possível piora na capacidade de solvência do consumidor. "O cenário é de vigilância", afirma Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da Losango, promotora de vendas do banco HSBC, uma das gigantes do mercado de crédito ao consumidor para a baixa renda.

Ele diz que a parcela aceitável de comprometimento da renda com a prestação nos financiamentos aprovados diminuiu: de até 35% no ano passado para até 30% hoje. O executivo conta que a cautela é maior na hora de aprovar o financiamento. Isso significa que além do preenchimento dos dados básicos, como nome, renda, CPF, entre outros, para fazer o cadastro e submetê-lo a um programa de computador que decide quanto pode ser emprestado, a promotora de crédito faz perguntas adicionais para captar a capacidade de pagamento do cliente. A enquete inclui, por exemplo, questões sobre se a data do pagamento da prestação é compatível com a do recebimento do salário ou se o cliente tem dívidas com crediários de outras financeiras.

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