Avicultura espera aumentar exportações

Os produtores de frango esperam que as exportações deste tipo de carne aumentem no segundo semestre, caso não aconteça nenhuma situação relevante sobre a gripe aviária. O setor conseguiu um crescimento importante nos últimos seis anos, até a ameaça da doença. Os produtores e exportadores estão sofrendo muito também com a baixa cotação do dólar, que acaba influenciando no preço médio do produto.

Dados da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (Abef) indicam que as exportações de frango inteiro e em cortes, acumuladas entre janeiro e abril de 2006, chegam a 813 mil toneladas, contra 846 mil no mesmo período do ano passado. O valor arrecadado nos primeiros quatro meses do ano foi de US$ 937 milhões. Em contrapartida, no mesmo período de 2005, o montante chegou a US$ 898 milhões. Este desempenho foi positivo porque o setor de cortes conseguiu aumentar seus resultados, enquanto o setor de frango interno sofreu uma queda mais intensa.

O preço médio da carne de frango chegou aos US$ 1,03 por quilo em abril deste ano. O valor era de US$ 1,43 em dezembro do ano passado. A maior parte das exportações brasileiras de frango é destinada para a Ásia (31% de participação entre janeiro e abril de 2006), seguida do Oriente Médio (25%), União Européia (12%), África (10%), América do Sul (8%) e Rússia (7%). A parte de cortes é responsável por 62% dos negócios no exterior (nos primeiros quatro meses do ano).

O presidente da Abef, Ricardo Gonçalves, explica que o combate à contaminação da gripe aviária é essencial e requer investimento. Por isto, o segmento está muito preocupado com o corte de 43,9% do orçamento de 2006 do Ministério da Agricultura. Teme-se que o serviço de defesa animal seja afetado em um momento tão importante. ?Apesar do tema gripe aviária estar sumindo aos poucos na imprensa, a gente sabe que o País deve tomar medidas para fomentar o plano de prevenção para uma eventual entrada da doença?, afirma.

Nos próximos dias 30 e 31, ele terá uma reunião em Brasília na qual se discutirá a adesão formal dos estados no plano de prevenção elaborado pelo governo federal. Gonçalves defende este posicionamento, e não a adesão voluntária. Para ele, o plano deveria ser colocado efetivamente em prática até o final deste ano. ?A nossa preocupação é que a implementação seja parcial. Precisamos de um plano eficiente para saber como prevenir, controlar, identificar e tomar as medidas necessárias?, comenta.

As exportações de frango, afetadas pela gripe aviária, continuam acontecendo, mas o volume exportado ainda é baixo. Para normalizar os estoques e fazer com que o preço médio aumente, as empresas adotaram a redução do alojamento das aves. Atualmente, o número é de 330 milhões, alcançado no mês passado. ?Se não tivermos uma notícia de muito impacto, é provável que o aumento nas exportações seja retomado no segundo semestre, mas sem muito alarde. Um crescimento de 2% ou 3% já seria muito bom?, acredita Gonçalves.

De acordo com ele, o setor continuaria sendo beneficiado por altas taxas de crescimento se não fosse a gripe aviária. ?Não estamos em uma fase de queda vertiginosa. Estamos estabelecidos, só que em uma média baixa. O pior cenário para nós seria uma pandemia?, revela Gonçalves.

A associação gripe aviária e dólar baixo fez com que empresas dessem férias coletivas a funcionários, diminuíssem o investimento e reduzissem o ritmo de produção. Foram poucas demissões. O preço do mercado interno está se recuperando, o que ainda não acontece com o valor para o mercado externo. ?Temos a capacidade de competitividade em nível internacional, mas a cotação baixa do dólar nos compromete nisso e em rendimento. Não é bom um dólar estável em patamar baixo nem esta oscilação dos últimos dias?, avalia Gonçalves.

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