Abate sanitário começa na segunda-feira

O início do abate sanitário dos quase 6,4 mil animais do Paraná, suspeitos de febre aftosa, só deve ocorrer a partir da próxima segunda-feira, dia 6. Depois das sucessivas protelações – seja por questões judiciais, ambientais ou burocráticas -, tudo leva a crer que o sacrifício vai finalmente ocorrer. Até ontem, rebanhos de quatro das sete fazendas apontadas como focos da doença já haviam sido vistoriados pela Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício. Os valores das indenizações, porém, não foram divulgados.

?Estamos aguardando que o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) conclua a vistoria nas fazendas de Loanda (São Paulo e Alto Alegre) e de Grandes Rios (Santa Izabel) para fazermos a avaliação nessas três propriedades?, comentou um dos integrantes da comissão, Gustavo Fanaya, representante do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec). Técnicos do IAP, da Suderhsa e da Secretaria da Agricultura vistoriaram ontem as três propriedades. Os laudos oficiais de impacto ambiental, autorizando a abertura das valas nessas fazendas, devem ser divulgados no início da próxima semana.

Ontem de manhã, a Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício avaliou o rebanho da fazenda Pedra Preta, em Maringá, que pertence ao pecuarista Francisco Valias Didier. À tarde, a comissão seguiu para o município de Bela Vista do Paraíso, para avaliar o rebanho da fazenda Flor do Café, pertencente à família Turquino. A comissão está em viagem pelo interior do Estado desde quinta-feira, quando realizou a avaliação dos animais da fazenda-escola do Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar). Na fazenda, há aproximadamente 460 animais, dos quais 32 vieram do Leilão 10 Marcas, realizado em Londrina no início de outubro. De acordo com Fanaya, o valor da indenização que caberá a cada um dos seis pecuaristas não será divulgado. Na Fazenda Cachoeira, que teve o rebanho avaliado no início de fevereiro, o proprietário André Carioba deverá receber R$ 1,285 milhão pelos 1.795 animais.

Manta impermeabilizante

Segundo informações da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), a manta impermeabilizante que será colocada nas duas valas abertas na Fazenda Cachoeira era aguardada para ontem à tarde. A colocação da manta foi uma exigência da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, para impedir que o chorume produzido pelas carcaças dos animais contamine o lençol freático. Conforme a Seab, o sacrifício só poderá ocorrer 48 horas depois de colocada a manta, para que ela fique bem vedada. Com a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF), da 4.ª Região, autorizando o abate dos 1.795 animais da Fazenda Cachoeira sem a exigência do depósito prévio da indenização, o sacrifício deve ter início em São Sebastião da Amoreira.

Além da Cachoeira, a fazenda Cesumar também já está com a vala aberta, pronta para receber as carcaças dos animais. A vala mede 70 metros de comprimento, seis metros de largura e quatro de profundidade, e receberá também os animais da Fazenda Pedra Preta, propriedade vizinha.

Necropsia

Com relação à necropsia dos animais – uma exigência dos proprietários das fazendas para autorizar o sacrifício sanitário -, a superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no Paraná, enviou ontem à tarde a Brasília a documentação necessária para que o ministério dê o aval. ?É apenas uma formalização, porque a decisão política já ocorreu?, afirmou o superintendente Valmir Kowalewski. A autorização formal está prevista para segunda-feira de manhã, segundo o superintendente.

Mercosul, Chile e Bolívia farão trabalho conjunto

Buenos Aires (AE) – Os ministros e secretários de Agricultura dos países sócios do Mercosul Ampliado (Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia e Chile) decidiram no fim da noite de anteontem, em reunião do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) em Buenos Aires, tomar medidas concretas e adotar uma posição conjunta para controlar a febre aftosa na região. O objetivo ?é manter e defender o status de região livre de febre aftosa com vacinação?.

Para tanto, o CAS decidiu convocar os três principais organismos regionais do setor, o Comitê Veterinário Permanente (CVP), Panaftosa e Giefa, para uma reunião a ser realizada ainda neste mês, com o objetivo de apresentar um plano inicial de controle da doença e começar a executar o programa do Mercosul livre de aftosa.

Os ministros também decidiram dispor de recursos financeiros necessários para que sejam concretizados os planos de controle e monitoramento regionais. Dentre as medidas a serem executadas, o destaque é para a possibilidade de realizar uma avaliação dos distintos tipos de vacinas antiaftosa que se aplicam em cada país.

O ministro Roberto Rodriguez, destacou que o Brasil tem ?planos e projetos de luta contra a aftosa, como o programa Mercosul livre de Aftosa, de absoluta credibilidade, e somente temos que definir as ações para colocá-lo em andamento, já que a decisão política de avançar contra o flagelo da aftosa, já tomamos?.

Rodrigues também elogiou a ?eficiência e rapidez? com que o governo argentino teve ao tomar conhecimento do segundo foco de aftosa na província de Corrientes, divulgado na última quarta-feira. Indagado sobre as dificuldades que países exportadores como o Brasil e a Argentina têm para controlar de vez a aftosa, Rodrigues afirmou que ?faltam recursos financeiros e humanos adequados?, além de outro problema de ordem comercial: o contrabando entre os países da região?.

Sobre o embargo da carne brasileira por parte de seu maior comprador, a Rússia, o ministro disse que a decisão do governo russo é de enviar uma missão técnica ao Brasil em breve. ?Minha expectativa é de que essa missão limite o embargo aos estados afetados, Mato Grosso do Sul e Paraná, e levante a medida contra os demais estados exportadores?, afirmou Rodrigues. A Rússia absorve 25% da carne bovina brasileira exportada e 70% da carne suína e, recentemente, o governo daquele país afirmou que levantaria o embargo somente em meados de julho.

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