Debate democrático

Não seria pecar por excesso afirmar que os debates entre os candidatos à Presidência da República estão começando a cansar os telespectadores, pela infindável repetição dos chavões utilizados desde o confronto inicial, ainda no primeiro turno, embora Lula somente agora tivesse dado o ar da graça.

Engessados por normas rígidas estabelecidas pelas emissoras que promovem os programas, de resto chanceladas pelas assessorias dos candidatos, os debatedores se vêem obrigados a restringir os comentários aos assuntos em foco e, por isso, pouco ou nada avançam num exame proficiente das propostas propriamente ditas. Os debates são cansativos, não só pelo adiantado da hora em que as emissoras insistem em programá-los, mas porque há uma recorrência aborrecida dos temas.

Desnecessário é dizer que o debate entre os candidatos contribui para a democracia, e ajuda o eleitor a escolher com base num critério de avaliação embasado no projeto de governo e, ainda, na competência para executá-lo. Também é verdade, no entanto, que os debates têm despertado pouco interesse da população e, por último, são reputados por uma minoria insignificante como parâmetro essencial para a escolha do candidato.

Não estamos a alardear que um debate entre os candidatos à Presidência ou ao governo do estado, ao contrário, deva ser planejado como um duelo sem regras em que o mais articulado e autoritário esmague o contendor. Não é isso. Considerada a premissa, por outro lado, não podemos abrir mão do argumento de que sob o formato atual e o cerceamento imposto aos debatedores, na maioria dos casos está havendo mais calor que luz no desfile dos candidatos nos meios de comunicação.

Nenhuma discussão mais profunda houve entre Lula e Alckmin nos encontros que tiveram até hoje e os temas que um apresentou ao outro, pedindo esclarecimentos, ensejaram apenas os comentários de praxe, com pouca novidade, jazendo os assuntos apenas na superfície. Segurança, saúde e educação, para ficar nas fímbrias da problemática nacional, foram temas obrigatórios, mas a rigor nenhum candidato disse algo novo, abriu uma perspectiva que já não fosse conhecida ou acenou com medidas para corrigir desvios e ampliar a efetividade da gestão pública.

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