Com filas que chegam a dobrar o quarteirão, a venda de tambores para armazenar e reaproveitar a água da chuva que já estava alta na pandemia disparou com o início do rodízio da Sanepar de um dia e meio com água e um dia e meio sem água nesta sexta-feira (14). Diante da situação, que afeta cerca de 1,2 milhão de pessoas da capital e região metropolitana, economizar água tem sido cada vez mais necessário.

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Há sete anos trabalhando com a venda de bombonas, Talita Floriani Berica, sócia da JR Tambores, tem comemorado as vendas dos últimos dias. “A gente começou a vender o modelo com duas torneiras há cinco anos. Vendíamos apenas para prefeituras, empresas. Aí com a estiagem a procura aumentou em 500% as nossas vendas”, comemora a empresária, que tentava organizar a fila de clientes na frente da loja no bairro Boqueirão na tarde desta sexta-feira, o primeiro dia do rodízio mais severo.

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Foto: Irene Bescorovaine / Colaboração

Os tambores vendidos pela Talita tem 250 litros de capacidade e vem com duas torneiras: uma para abastecer o balde e outra para conectar a mangueira. “Foi ideia do meu marido colocar as duas conexões. Esse modelo, que custa R$ 150, é o que vende mais”, explica.

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As bombonas coletam a água da chuva. Para isso, basta fazer uma adaptação na calha para que a água escorra dentro do reservatório. Mas elas também podem ser usada também em apartamentos sem quintais. “Hoje em dia muita gente aproveita a água da máquina de lavar roupa para colocar no vaso sanitário, lavar o carro, limpar a calçada”, explica Talita.

Salvação na estiagem

Logo quando começou a quarentena do coronavírus, em março, a decoradora de eventos Irene Bescorovaine encontrou na venda de bombonas uma maneira de driblar a crise. “Foi a saída que achei de poder continuar trabalhando e ter uma renda. Eu analisei o mercado e vi que em Curitiba estava faltando água. Então, resolvi vender as bombonas”, conta a decoradora.

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Logo nos primeiros meses, a venda ainda era pequena, mesmo com o rodízio da Sanepar, que até quinta-feira (13) era a cada três dias. “A gente foi vendendo aos poucos, conforme foi aparecendo os pedidos. Mas com esse racionamento de 36 em 36 horas, meu telefone não para de tocar. Todo o estoque que eu tinha saiu na quarta e quinta-feira”, comemora a empresária, que aguarda para sábado (15)uma nova remessa de bombonas para vender.

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Por enquanto, a decoradora confessa que a venda dos tambores ainda não se compara com os eventos que fazia antes da chegada do coronavírus. Mas é o que tem feito diferença no orçamento sem os trabalhos de antes da pandemia. “A venda de bombonas é apenas um complemento. Amanhã ou depois, o povo já cai em esquecimento”, confessa.

Além dos tambores, Irene ainda trabalha com cestas de café da manhã, cestas de vinho, espumantes e cerveja. “Eu alugo cama elástica, piscina de bolinhas, faço frete com o caminhão que eu usava nos meus eventos. Eu estou driblando a crise, fazendo de tudo para superar”, finaliza.