Falta de água

Rodízio de 36 h começa nesta sexta em Curitiba e RMC sem previsão de chuva suficiente

Represa Piraquara 1, que abastece Curitiba, sem água. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

A chuva que caiu quinta-feira (13) e deve se repetir até o fim de semana não vai modificar o panorama na baixíssima quantidade de água nos sistemas que abastecem milhões de residências no Paraná. Com a estiagem não dando trégua, a partir desta sexta-feira (14) moradores de Curitiba e região metropolitana sentirão nas torneiras o impacto de um rodízio mais severo na tentativa de administrar a pior crise hídrica da história do estado.

Os números são alarmantes, só vistos no século 19, o que levou a Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar) a adotar o rodízio de 36 horas em 36 horas a partir desta sexta, afetando 1,2 milhão de pessoas a cada período. Os imóveis ficarão um dia e meio sem água e um dia e meio com fornecimento normal. Quanto ao tempo necessário para termos novamente os reservatórios cheios, a resposta é incerta. A perspectiva é de melhora com a chegada da primavera em setembro.

A Sanepar espera economizar em 20% na água distribuída para a população. Para isso, além do rodízio, a companhia criou uma campanha para que cada pessoa economize 20% do consumo diário, tomando banhos curtos, fechando a torneira na hora de escovar os dentes, entre outras medidas simples que fazem toda a diferença.

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E esse esforço de todo mundo vai mesmo ser muito necessário. Estudos apontam que este tipo de medida irá ajudar a aumentar os níveis no abastecimento das barragens que abastecem Curitiba e região estão com apenas 28% de sua capacidade de armazenar água.

O diretor-presidente da Sanepar, Cláudio Stabile, enfatiza que todos os esforços possíveis por parte da companhia foram feitos. Agora, a união das pessoas será fundamental para evitar um racionamento ainda mais drástico.“Gastamos todas as cartas da manga. Agora, precisamos do apoio da população e dos meios de comunicação para não chegarmos no pior cenário, que seria um rodízio mais intenso ou até o racionamento”, apela o diretor-presidente, que ainda lembra que a Sanepar fez desvios de água na Serra do Mar, de pedreiras e cavas e até transposição de rios para abastecer a população na estiagem.

A Sanepar vai avaliar a 15 dias, a partir desta sexta, a situação das barragens para futuras decisões de flexibilização do rodízio. A medição quinzenal será nas represas Iraí, Iguaçu, Passaúna e Miringuava, que abastecem quase 3,5 milhões de pessoas de Curitiba e região.

“O cenário será todo analisado por uma equipe que acompanha diariamente a situação. Vale reforçar, que às vezes, uma chuva pode dar a impressão que tudo vai voltar ao normal, mas infelizmente, isto não é real, precisamos da ajuda de todos neste momento crítico”, disse Fábio Basso Fabio Basso, gerente de Produção de Água da Sanepar. Atualmente, o caso mais crítico está no sistema Iraí, que abastece vários municípios e bairros da região Norte de Curitiba, e está com somente 10,49% de sua capacidade.

Quando volta ao normal?

Nem a Sanepar, nem os meteorologistas conseguem dizer uma data exata de quando o sistema de abastecimento de água vai voltar ao normal. Tudo vai depender de quando a chuva, mas também de quanto vai cair de água e onde essa chuva vai cair.

“Para voltar próximo da normalidade é preciso que chova a média ou acima do mês. Sem isto, é impossível definir o que teremos pela frente. A esperança está com a chegada da primavera, estação que historicamente tem mais chuva ”, avalia o gerente de Produção de Água da Sanepar.

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Segundo Samuel Braun, meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, não existe a possibilidade de saber o quanto de chuva vai cair em uma região de represa. Em muitos casos, pode chover pouco em Curitiba, mas na Serra do Mar a chuva pode ser mais intensa. “Tivemos isto mês passado. Na Serra Marumbi, choveu 100 milímetros por metro quadrado e aqui deu 10. Não existe a medição exata em alguns lugares e a chuva precisa ser mais concentrada nas represas ou próxima de rios. O que posso dizer é que existe a previsão de chuva para até terça-feira (18) de 50 mm, o que é bom se comparado ao histórico de agosto que é de 70. Em poucos dias vamos chegar próximo ao que se espera dentro de um mês”, afirmou Samuel Braun.

O meteorologista também destacou que a chegada da primavera, em 22 de setembro, deve aumentar a intensidade da chuva no Paraná. “´É um período mais úmido, com média mensal de 130 milímetros. O ideal é que a chuva permaneça por aqui alguns dias e não vá para São Paulo. Até lá em casa a minha mulher pergunta quando vai chover”, brinca Samuel Braun, que há 17 anos trabalha no Simepar.

Dicas para economizar

  • Um banho de 15 minutos exige 105 litros de água. Reduza o tempo para 05 minutos, e o consumo cai para 70 litros
  • Cada vez que você lava as mãos com a torneira aberta o tempo todo, são gastos 7 litros de água
  • Para fazer a barba, com a torneira aberta, um homem gasta 65 litros de água. Feche a torneira enquanto faz a barba, e só volte a usar água para enxaguar. Com a torneira fechada o consumo será inferior a um litro
  • Ao escovar os dentes é necessário apenas um copo de água, mas as pessoas  que não fecham a torneira durante a  escovação  gastam 10 litros
  • A válvula de descarga é um grande vilão no consumo de água. Sozinho o vaso sanitário pode ser responsável por 50% do que se gasta em uma residência
  • Nunca jogue cigarros, absorventes ou papéis no vaso, porque haverá maior consumo de água para mandar esse lixo embora
  • Deixar a mangueira aberta enquanto lava o carro, nem pensar! Se você fizer isso vai gastar 360 litros. Não lave o carro. Se for imprescindível, use apenas a água de um balde  pequeno
  • A água da mangueira não é para varrer a sujeira – use a vassoura
  • Lavar a louça da família também exige mudança de hábito. Se continuar lavando com a torneira aberta o tempo todo, serão gastos 112 litros por pessoa. Mude o hábito. Feche a cuba da pia, encha de água. Ensaboe toda a louça e enxágue com água limpa. Se fizer assim, você vai consumir menos de 10 litros para lavar a louça
  • Procure usar a capacidade máxima da máquina de lavar roupas. Não lave roupas todos os dias. Espere acumular. Você vai economizar água e energia. A água que fez o último enxágue das roupas, no tanque ou na máquina pode perfeitamente ser usada para ensaboar tapetes, tênis e cobertores. Também serve para molhar plantas, lavar carro, pisos e calçadas
  • Recomendações gerais: Quando você for viajar, feche o registro do cavalete de entrada d’água, evitando qualquer desperdício durante sua ausência. Atenção com vazamentos, pois eles são vilões. É fundamental observar se a válvula de descarga está funcionando perfeitamente, se não há manchas de umidade nas paredes e calçadas e também se todas as torneiras estão vedando adequadamente. Uma torneira que fica gotejando durante um mês representa um desperdício de 2 metros cúbicos, o suficiente para atender as necessidades de uma pessoa por 14 dias.