A Colômbia iniciou, nesta segunda-feira (06/10), as operações do Bre-B, um novo sistema de pagamentos instantâneos criado nos moldes do Pix brasileiro. A novidade tem um toque paranaense: a startup curitibana EBANX é uma das empresas responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia.
A fintech foi uma das duas companhias convidadas pelo Banco de la República, o banco central colombiano, para integrar o Comitê Interdisciplinar de Pagamentos Interoperáveis. O grupo teve como missão auxiliar as autoridades locais na criação e implantação do Bre-B.
O resultado dessa parceria foi um sistema com diversas funcionalidades inspiradas no Pix, como pagamentos via QR Code, identificação de usuários por meio de chaves (CPF, e-mail ou número de telefone), interoperabilidade obrigatória entre instituições financeiras e limites de valor ajustáveis conforme o horário, a fim de prevenir fraudes.
As operações-teste começaram em 23 de setembro, e, desde então, empresas internacionais já podem oferecer o Bre-B por meio do EBANX. Para viabilizar esse acesso, a fintech brasileira firmou parceria com a MOVii, considerada a primeira banktech da América Latina, que fornece infraestrutura completa para emissão e processamento de pagamentos.
Segundo Eduardo de Abreu, vice-presidente de Produto do EBANX, o impacto do Bre-B pode ser comparado ao que o Pix gerou no Brasil. “Trazer o sistema para nossa plataforma desde o primeiro dia foi importante para nós. Queremos que os consumidores e as empresas colombianas façam parte dessa transformação desde o início. Nós processamos mais pagamentos em tempo real no Brasil do que quase qualquer outra empresa”, compartilhou.
Desde o lançamento, mais de 30 milhões de pessoas já se cadastraram no novo sistema. O Bre-B também emitiu mais de 80 milhões de chaves de pagamento, uma média de quase três por usuário. “Isso mostra o apetite do país por uma solução de pagamento moderna e inclusiva. As pessoas estão prontas para a mudança e ávidas por ferramentas financeiras melhores”, completou Abreu.
O que diferencia o Bre-B do Pix
Apesar de inspirado no modelo brasileiro, o Bre-B não é uma cópia exata do Pix. Enquanto o Brasil criou uma estrutura única de interoperabilidade entre bancos e fintechs, a Colômbia optou por construir um ecossistema novo sobre infraestruturas já existentes.
O sistema conecta serviços de transferência que antes não se comunicavam entre si, como Transfiya e EntreCuentas, além de integrar novas soluções, como Credibanco e Visionamos. O modelo foi projetado para crescer de forma modular, permitindo novas integrações no futuro.
Por meio da parceria com a MOVii, o EBANX oferece uma integração única para empresas internacionais que desejam operar com o Bre-B. Essa conexão é viabilizada pelo MOVii Smart Router, tecnologia que roteia transações de maneira inteligente, buscando o caminho mais eficiente conforme taxas e padrões de uso. Dessa forma, a MOVii se tornou o primeiro “banco patrocinador” a conectar todas as pontas do sistema colombiano.
No momento, o Bre-B permite dois tipos principais de transação: transferências entre pessoas físicas (P2P) e pagamentos de consumidores para empresas (P2M). Outra particularidade é a conexão do sistema às Cajas de Compensación Familiar — instituições que administram benefícios sociais e subsídios para cerca de 42% da população colombiana.
Expansão no futuro
O Banco Central da Colômbia planeja expandir as funcionalidades do Bre-B nas próximas fases. A expectativa é incluir entidades governamentais no sistema, permitindo pagamentos de impostos e contas públicas (P2G) e o repasse de subsídios sociais (G2P).
Também estão previstos recursos como pagamentos recorrentes para serviços por assinatura, transferências em lote para folhas de pagamento e operações de alto volume, reforçando o papel do Bre-B como motor de inclusão financeira e digitalização econômica no país.



