A secretária de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak , deu um indicativo de que as aulas na rede municipal de Curitiba podem voltar antes da descoberta de uma vacina para a covid-19. Em uma live no Facebook da Rádio Banda B, a secretária foi na linha do secretário estadual de Educação, Renato Feder, que semana passada afirmou temer a evasão escolar com as dificuldades dos alunos em aprender sem ir às escolas.

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“Não podemos ficar nessa paralisia desse setor tão importante. Estamos falando aqui de uma outra coisa, de relações humanas. E as relações das crianças acontece na escola”, rebateu a secretária sobre o argumento de muitos pais e professores que defendem a volta às escolas somente com a vacina.

“O secretário estadual de Educação falou das crianças que vão abandonar a escola e isso não tem volta”, alertou Marcia. Em entrevista à RPC TV sexta-feira (11), Feder afirmou que a situação está complicada para os pais que voltaram a trabalhar, o que dificulta a disciplina e o acompanhamento do aprendizados dos filhos. Com o abandono das aulas on-line, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) teme que alunos que não seguirem as aulas e as atividades propostas pelas escolas reprovem neste ano de pandemia.

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Para a secretária de saúde de Curitiba, a vacina tem deixado todo mundo muito esperançoso. No entanto, ela argumenta que o próprio governo federal teria sinalizado aceitar uma imunização com baixa resposta, uma vacina com resposta de 70%. “Nós da saúde sabemos que até o momento não existe uma vacina 100% de proteção. Eu sempre cito o caso do sarampo, que temos 97% de eficácia com duas doses, nunca vamos ter 100%. Podemos ter vacina com resposta de 70%. E quem serão os 30%? Não sabemos”, avalia. 

Esperar uma vacina para voltar às aulas seria pensar num retorno dos estudantes somente em 2022, na visão da secretária. “Se formos esperar pela vacina, nós sabemos a limitação do mundo. Somos 7,5 bilhões de pessoas, não vamos conseguir produzir para todo mundo num piscar de olhos. Ano que vem, podemos ter vacina para grupos de risco, idosos e imunossuprimidos, e profissionais da saúde que estão no front. Não há possibilidade nem para insumos materiais. Tem um mundo para descortinar pela frente”, argumenta Huçulak. 

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A questão da volta às aulas, para a secretária, ainda é um assunto que precisa passar por uma discussão mais adequada. “Eu não falo em voltar todo mundo, a ter uma vida normal. Tem crianças que não se adaptaram com aulas on-line, crianças com dificuldade de aprendizado”, rebate.

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Ela ainda citou a importância da escola em famílias mais vulneráveis. “Há pais que precisam trabalhar e não têm ninguém fazendo a supervisão dessas crianças. Não sabemos a sequela disso, desse mundo virtual. Em países da Europa, o primeiro setor a voltar foram as escolas. Quem não está seguro, não volta. Mas tem um grupo que se beneficiaria muito. Eu acredito muito nisso, enquanto cidadã. O abismo é maior entre as crianças da periferia”.

Greve

Enquanto a vacina não vem, o retorno das aulas segue dividindo pais e professores. Sábado (12), professores e funcionários das escolas estaduais decidiram em votação online que não retornarão às aulas presenciais em 2020 por medo de contágio do coronavírus. De acordo com o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, os professores não aceitarão qualquer imposição “que coloque em risco à vida tanto dos estudantes e seus familiares, quanto dos profissionais que trabalham nas escolas”.