Assim que terminou o Ensino Médio, Reinaldo Kneib já tinha em mente seu caminho: as Ciências Exatas. Meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a escolha parecia natural, afinal, unia suas duas paixões: Física e Matemática. Hoje, ele está por trás das informações da previsão do tempo que aparecem diariamente no impresso e no online da Tribuna do Paraná, ajudando a população a se preparar para o dia a dia e não ser pega de surpresa.

continua após a publicidade

O Dia do Meteorologista, celebrado nesta terça-feira (14/10), destaca uma profissão relativamente recente, já que a data é em alusão ao reconhecimento por lei da profissão no Brasil, mas que vem conquistando seu espaço. Afinal, alguém precisa assumir o papel de “mãe do tempo” e avisar se é hora de pegar o guarda-chuva ou vestir uma blusa a mais.

Na sede do Simepar, dentro do campus Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o dia a dia de Reinaldo se baseia na análise de uma enorme quantidade de dados meteorológicos. “Antes de fazermos qualquer previsão ou analisar fenômenos, precisamos de informações. Esses dados vêm das estações meteorológicas espalhadas pelo Paraná e pelo Brasil”, explica.

Na meteorologia, Reinaldo Kneib uniu duas duas paixões: a Física e a Matemática. Foto: Divulgação/Simepar.

O que a maioria das pessoas não vê são tabelas, números e imagens de satélite que precisam ser cuidadosamente interpretados para chegar a uma previsão precisa, capaz de retratar o que realmente acontecerá nas próximas horas ou dias. “Para entendermos o que acontece na atmosfera, analisamos informações básicas: se o tempo está estável, se há condições para tempestades, entre outros sinais”, acrescenta.

continua após a publicidade

>> Já foi traído pela previsão do tempo em Curitiba? Entenda porque é tão difícil acertá-la

Sem fronteiras

A análise meteorológica do Simepar não se restringe apenas ao Paraná. Um exemplo recente foi a cobertura do ciclone extratropical que se formou na altura do Uruguai neste último final de semana, responsável pelo aumento das chuvas no interior do estado. “Os fenômenos não têm fronteiras”, reforça Reinaldo.

continua após a publicidade

E se a análise não conhece limites geográficos, o Simepar também não. Além de manter equipes em Curitiba, o instituto conta com unidades em outras regiões do Brasil: uma equipe em Santa Catarina, dedicada a atender a Defesa Civil do estado, e outra no Espírito Santo. A atuação remota é ainda mais ampla, com profissionais trabalhando em São Paulo e no Rio Grande do Sul, garantindo uma visão integrada e abrangente dos fenômenos meteorológicos.

As análises levam em consideração as divisões meridionais e fusos horários, de forma que os dados coletados em diferentes locais são mapeados, cruzados e trocados entre institutos meteorológicos. Esse intercâmbio permite a construção de cenários mais precisos e confiáveis, aumentando a assertividade das previsões.

“No mesmo horário em que registramos as informações aqui, outras equipes fazem o mesmo em países como os Estados Unidos. Essa troca contínua de dados é essencial para alimentar os modelos meteorológicos que nos auxiliam a prever o tempo com maior precisão”, explica Reinaldo.

Vista da janela

Com alcance interestadual e equipamentos de ponta para monitoramento, algumas práticas antigas ainda continuam valendo quando se fala em previsão do tempo: olhar pela janela. Boa parte das mudanças meteorológicas ainda pode ser percebida com uma observação cuidadosa. Segundo Reinaldo, os dados ajudam a “enxergar um pouquinho mais longe”, mas a percepção direta do céu continua sendo essencial.

A olho nu, é possível ter uma boa ideia de como o tempo se comportará em determinado local observando as nuvens. “Cada tipo de nuvem indica um comportamento diferente do tempo. As mais escuras, às vezes com formatos lembrando cogumelos, são sinais de mudança iminente. E, quando uma tempestade se aproxima, é possível até ouvir o trovão a cerca de 15 quilômetros de distância”, explica.

Além das nuvens, uma observação mais atenta da fauna e da flora também pode antecipar fenômenos meteorológicos. “Às vezes, quando o céu ainda está limpo, alguns pássaros ficam planando em altitude. Mas se o vento aumenta, eles descem mais próximos do solo. São pequenas pistas que a natureza nos dá sobre o que está por vir”, acrescenta Reinaldo.

A bronca é bem-vinda

O avanço do Simepar e da meteorologia no Brasil se mede também pelos feedbacks da população. Comentários do tipo “disseram que ia chover, mas não choveu” ou “cadê o sol?” são sinais de uma cultura crescente de interesse e interpretação do clima e do tempo.

E a cobrança faz parte. “É como treinador de futebol: todo mundo quer opinar sobre a Seleção Brasileira. Na meteorologia é igual, todo mundo acha que entende um pouco”, brinca Reinaldo.

Até que podem mesmo. Quem vai negar aos avós que a dor no joelho não seja presságio de tempestade? O fato é: o conhecimento que temos — e até as críticas que fazemos — são reflexo de um trabalho sólido e eficiente de divulgação científica, que nos torna, de verdade, conhecedores de um pouco de meteorologia.

Manda pra Tribuna!

Você conhece pessoas que fazem coisas incríveis, viu alguma irregularidade na sua região? Quer mandar uma foto, vídeo ou fazer uma denúncia? Entre em contato com a gente pelo WhatsApp dos Caçadores de Notícias, pelo número (41) 9 9683-9504. Ah, quando falar com a gente, conte sobre essa matéria aqui! 😉