É muita água

Primeiro trimestre de 2018 é um dos mais chuvosos da história em Curitiba

O mês de março vai terminando e, pelo menos neste ano, a fama de mês das chuvas ficou comprovada em Curitiba, já que nem no feriado de Páscoa os curitibanos ganharam uma trégua do clima. Em um balanço geral feito pela reportagem, as águas de março fecharam o verão curitibano deixando um rastro de destruição. Alagamentos e inundações afetaram 2 mil pessoas nas últimas semanas. Antes mesmo de março acabar, o primeiro trimestre de 2018 já figura entre dez os mais chuvosos da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), iniciada em 1961.

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Em janeiro, Curitiba já tinha registrado precipitação acima da média: 371,9 mm, o quinto maior volume mensal da série do Inmet. Somando o volume de fevereiro e o que caiu até 21 de março, foram 681,5 mm no trimestre, contra uma média de 487,2 mm para o período.

Os estragos

A chuva da tarde da Sexta-Feira Santa (30) deixou dois pontos de alagamento em Curitiba. Conforme a prefeitura, um deles foi nas ruas Petit Carneiro e Samuel César, no Água Verde, e o outro na Rua Brigadeiro Franco, no Parolin.

No Parolin, as enchentes naquele trecho são constantes e é comum que imóveis alaguem. No entanto, a prefeitura acredita que as obras de desassoreamento que estão sendo feitas no córrego, que passa naquela região, deverão resolver o problema. Algumas famílias que viviam irregularmente na beira do córrego já foram removidas para outros imóveis.

Na Rua Samuel César, no Água Verde, o terreno de uma casa alagou. Mas em menos de uma hora, toda a água já havia escoado. Os moradores foram orientados a fazer o registro do alagamento na Regional e a prefeitura deverá fazer uma verificação da estrutura de drenagem naquele ponto.

Não houve desabrigados e desalojados. Na ocorrência de chuvas, a população pode acionar a Defesa Civil para casos de alagamento pelo telefone 153, ou o Centro de Operações da Guarda Municipal pelo telefone 199.

Sem luz

Ainda por causa da chuva, o bairro Água Verde sofreu um corte de energia nesta sexta, por volta das 16h42 desta sexta (30). Segundo informou a Copel, o corte aconteceu devido ao rompimento de um cabo da rede elétrica, que deixou oito mil domicílios sem luz.

A Copel ainda informou que o restabelecimento de energia costuma ser gradativo. Até as 18h52 de sexta-feira, cerca de 272 imóveis ainda esperavam o retorno da luz, que dependia da conclusão dos trabalhos de manutenção no ponto onde houve danos à rede de energia.

Histórico de alagamentos

Nesta semana, por exemplo, a chuva que caiu na terça-feira (27) causou estragos na região Sul da capital, principalmente nos bairros Pinheirinho, CIC e Tatuquara. O balanço da Defesa Civil da prefeitura de Curitiba registrou nesse dia nove pontos de alagamento. O mais grave deles ocorreu na trincheira da Rua João Chede com a Linha Verde, na CIC, onde o nível da água deixou motoristas “ilhados” por volta das 19h.

Já no início do mês, um temporal no início da noite de sábado (3) alagou ruas nos bairros Água Verde, Rebouças, Vila Izabel, Portão, Vila Fanny, CIC, Bairro Novo, Tatuquara e Boa Vista. A noite foi um caos. Um vídeo gravado na Rua Ruy Fonseca Itiberê da Cunha, no CIC, mostrou um homem cruzando a rua sobre uma prancha de surfe. A Central de Operação da Guarda Municipal chegou a atender 23 ocorrências, por toda a cidade. A chuva chegou a interromper até as operações de algumas linhas de ônibus do transporte público. Segundo o Instituto Simepar, no primeiro sábado de março choveu 44 milímetros apenas entre as 19h e 20h. Das 16 às 22 horas a precipitação acumulada foi de 54 milímetros.

Na segunda quinzena deste mês, a chuva voltou a causar transtornos em Curitiba no dia 14. As tempestades começaram por volta de 13h, provocando alagamentos em vários pontos da capital e complicando o trânsito em muitos bairros, incluindo Centro, Centro Cívico, Cabral, Alto da XV, Tarumã, Jardim Social, Rebouças, Prado Velho, Jardim Botânico, Uberaba e Campo Comprido, entre outros. Na esquina da Rua Desembargador Westphalen com a Avenida Visconde de Guarapuava, a enxurrada chegou a arrancar o recape do asfalto.

Naquele dia, a água também chegou a subir bastante na Rua Almirante Gonçalves, no Rebouças. Há duas décadas as chuvas causam transtornos e estragos no bairro. Antes das chuvas registradas naquela semana, a reportagem mostrou que as vítimas de enchentes apelam para barricadas.