Decidindo o futuro

Pressão e medo cercam estudantes inscritos para o Enem, que acontece neste domingo

Brianna acredita que a preparação para o exame foi complicada no início pela adaptação a nova forma de estudo. Foto: Arquivo Pessoal.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 que não ocorreu ano passado está confirmado na versão impressa para os dias 17 e 24 de janeiro e, na versão digital, para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. O receio de não apresentar um bom resultado unido pelo medo da contaminação do novo coronavírus preocupa estudantes que tiveram um longo período de estudo longe das salas de aula.

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 O exame estava inicialmente agendado para outubro e novembro de 2020, mas foi adiado após uma série de protestos virtuais. Aliás, entidades estudantis voltaram a pedir o adiamento alegando que com o avanço de casos ativos da covid-19 em todo o país, os alunos estarão em risco ao terem de se deslocar e se reunir para fazer as provas. Apesar desta nova reivindicação, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova, confirmou que as datas estão mantidas.

O estudo para este processo foi diferente para alunos e professores. Sem a possibilidade de estar próximos em salas de aula, o conteúdo foi realizado totalmente por vídeo aulas. A internet que antes era fonte de pesquisa virou ferramenta essencial para acompanhar as disciplinas. Brianna Cantelli, 17 anos, é estudante do Colégio Estadual Emilio de Menezes, no bairro Capão Raso, em Curitiba. Ansiosa por prestar a prova depois de longos meses de incertezas, ela acredita que a preparação para o exame foi complicada no início pela adaptação a nova forma de estudo.

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“Para um processo como este do Enem é estranho estudar remotamente comparado a quem está apenas no colégio. Eu ainda sou privilegiada por ter acesso a apostilas e ter internet. Muita gente não teve isto. Estes adiamentos acabaram atrapalhando, pois ficamos ansiosos no momento de estudar e planejar. Foi confuso”, disse Brianna que deseja ingressar como universitária do curso de História.

Treino com a máscara e medo da covid-19

Além da realização da prova que contém 180 questões objetivas e a redação, o aluno vai ter outra dificuldade pela frente. A máscara de proteção não deverá ser retirada em nenhum momento sob pena de eliminação do exame, ou seja, caso o estudante queira se hidratar vai precisa tomar alguns cuidados. Além disto, o equipamento de proteção ficará no rosto por três ou quatro horas.

Brianna afirmou que tem estudado com a máscara como uma forma de treino para não ter problemas no dia do exame. “Estou treinando com a máscara, pois tem a alimentação e a hidratação durante o período de prova. Confesso que estou com medo de ser infectada e fico com receio de tudo. Farei a prova na Faculdade Santa Cruz e não temos informações precisas da organização do Enem quanto aos protocolos sanitários. Tudo está muito incerto ainda”, comentou a aluna do Colégio Emilio de Menezes.

Este aspecto do uso da máscara por várias horas pode atrapalhar o resultado, pois os estudantes podem perder o foco em algum momento da prova. Marlus Geronasso, professor e coordenador do pré Enem Uninter, reforça que isto vai ser mais um complicador na vida estudantil. “Isto vai ser muito complicado. Eu vejo que é um desafio passar horas em um ambiente diferenciado e com toda a pressão. Um dos problemas que o estudante vai ter é de resistência em usar um equipamento que jamais utilizou em sala. Parece um detalhe muito pequeno, mas este exame com 180 questões e uma redação na primeira prova do dia 17 é um complicador sem precedente para esta prova”, disse o professor.

Uso da máscara por várias horas pode atrapalhar o resultado, disse o professor Marlus. Foto: Arquivo.

Aliás, com todos estes ingredientes envolvendo o Enem, espera-se uma queda no rendimento dos alunos para as provas, especialmente na temida Redação. Com a pandemia e a distância dos orientadores, a prática em escrever ficou em segundo plano para muitos alunos. “O resultado é uma incógnita. Eu convivo com o Enem desde 1998 e os Aulões no Colégio Estadual do Paraná. Na época, servia como uma avaliação básica da Educação brasileira. Eu acredito que os números neste ano serão curiosos. A matemática que é considerada uma disciplina complicada, os resultados são os melhores. Já a linguagem é a pior até pela questão da interpretação de texto. Creio que as medias devem baixar mesmo. Em 2019, apenas 52 pessoas tiraram a nota máxima em Redação no universo de 5,1 milhões de estudantes. Talvez pela ausência de prática em 2020 pode reduzir este número. Foi uma preparação muito diferente e muitos alunos se viram perdidos ao ter dúvidas que na sala de aula serão dirimidas. Quem não fez planejamento certamente ficou como se estivesse no meio do oceano olhando para todos os lados sem saber para onde ir”, completou Marlus.

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Dicas para a prova

O professor e coordenador do pré Enem Uninter reforça a ideia que é preciso ter tranquilidade na interpretação de texto para entrar confiante nas perguntas. Quanto a Redação, três temas surgem como favoritos – Turismo, redução da maioridade penal, investimento na educação de professores. “ Temas relevantes como Turismo, redução na  maioridade penal e investimento na educação de professores. A  Educação foi tema recente, mas não ficaria surpreso se caísse novamente. Dificilmente o exame trata de temas polêmicos como saúde e política e não tem costume aparecer temas imparciais como foi o cinema em 2019. Vale reforçar que acredito que teremos de duas a três questões de linguagem em Educação Física fazendo relações multidisciplinares com Ciências da Natureza, biologia por exemplo”, disse o professor Marlus.