O ex-marido de uma mulher vítima de violência doméstica morreu na tarde desta quinta-feira (08), dentro da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba. Ele havia sido preso na quarta-feira (07) após interfonar no apartamento da ex-esposa, no exato momento da gravação de uma reportagem televisiva realizada pela RPC, descumprindo, portanto, uma medida protetiva por violência doméstica que estava em vigor contra ele há seis meses.

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A ex-esposa foi personagem de uma matéria sobre o aumento de casos de violência contra a mulher em feriados e fins de semana. O relacionamento dos dois durou nove anos.

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Rafael de Pino, como foi identificado o ex-marido, não aceitou a separação do casal durante a pandemia. Segundo a reportagem da RPC, ele já havia sido preso antes por não se afastar da mulher. Depois de interfonar, ele ainda abordou a equipe de reportagem na saída do condomínio, perguntando se a gravação teria sido feita no apartamento dela.

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A ex-esposa, então, acionou a Guarda Municipal de Curitiba (GM), que prendeu Rafael. Por causa da medida protetiva, inclusive, a mulher tinha acesso ao dispositivo Botão do Pânico, que permite acionar a Polícia Militar (PM) ou Guarda Municipal em caso de emergência.

A Tribuna do Paraná apurou que Rafael foi encontrado morto na Casa da Mulher Brasileira. Ele foi encaminhado para o local no momento da sua prisão. Entre os serviços de acolhimento que ali funcionam está também a Delegacia da Mulher. A ex-esposa não teve o nome revelado para preservar sua proteção.

Reportagem trata sobre violência contra a mulher

A reportagem da RPC trata do tema da violência contra a mulher e mostra dados levantados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) sobre o aumento do número de casos. Na entrevista, a ex-esposa contou que foi difícil para o Rafael de Pino sair de casa. “Quando ele saiu de casa, começou a me perseguir. Ele vinha aqui na rua próximo de casa me espionar com um binóculo, ficava ali parado o dia todo. Alugou um apartamento aqui no condomínio, ficava sentado na minha porta. Se eu saísse, vinha atrás. Se eu conversasse com alguém, ele partia para cima das pessoas”, contou mulher à RPC.

Ainda conforme a reportagem, dados da Sesp mostram que o número de casos de violência doméstica é 43,76% maior nos fins de semana, na comparação com dias de semana. Nos feriados, a incidência do crime também aumenta.

Em junho deste ano, por exemplo, mais de 17% dos casos de violência doméstica se concentraram nos quatro dias do feriado de Corpus Christi. Em abril, os três dias do feriado de Páscoa concentraram 13,65% dos boletins de ocorrência registrados por esse tipo de infração, informou a RPC.

Pelos dados da Sesp, no primeiro semestre de 2022, o Paraná teve 28.229 ocorrências de violência contra mulheres. Apenas em Curitiba foram 3.793 registros.

Casa da Mulher Brasileira

Em nota, a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba esclareceu que foi chamada pela vítima de violência doméstica que emitiu um alerta com o acionamento botão do pânico, fazendo cumprir o que prevê a Lei Maria da Penha, dando amparo total à denunciante.

“A mulher em questão já contava com o amparo da Justiça tendo Medida Protetiva decretada contra o agressor. Por descumprimento da Medida Protetiva, o agressor foi detido em flagrante pela Patrulha Maria da Penha, que se dirigiu ao local a partir do georreferenciamento do botão do pânico, e encaminhado à Delegacia da Mulher, ficando sob custódia da Polícia Civil”, informou a nota.

Polícia Civil

Procurada, a Polícia Civil informou que está apurando a situação. De forma preliminar, foi verificado que o indivíduo estava sozinho na cela.