As lanchonetes e restaurantes localizados dentro dos shoppings centers de Curitiba, que estavam servindo apenas na modalidade de delivery, foram fechados pela prefeitura de Curitiba na tarde de segunda-feira (6). De acordo com relatos de operadores, os fiscais chegaram munidos do decreto estadual 4942/20 que institui a quarentena em sete regiões do Paraná, proibindo qualquer tipo de atendimento nos centros de compras até o dia 14.

Os fiscais da Vigilância Sanitária informaram aos operadores que nem mesmo as atividades de alimentação por entrega poderiam funcionar. Também foi determinado o bloqueio do acesso de funcionários que fariam a retirada de ingredientes perecíveis na manhã de terça-feira (7).

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A ação deste começo de semana pegou os empresários de surpresa, já que eles estavam funcionando apenas com delivery desde o início da quarentena, no dia 1º de julho, amparados pela regra do decreto que proibiu apenas o atendimento presencial nos shoppings. O documento permite às lanchonetes e restaurantes operarem nas modalidades de entrega, drive thru e balcão (para retirada) sem especificar se vale apenas para os localizados nas ruas ou também nas praças de alimentação.

Sócio da rede Sushiaki com lojas nos shoppings Palladium, Mueller e Curitiba, Ener Komagata diz que não sabe o que fará daqui para frente, já que o novo fechamento tornará as operações insustentáveis.

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“A fiscalização chegou com a polícia e nos deu pouco tempo para sair e desmontar a operação. Hoje nem meus funcionários puderam entrar para tirar os perecíveis. Faltou clareza no decreto, e com esse abre e fecha de uma semana para a outra, estamos praticamente pagando para os colaboradores ficarem em casa”, conta o empresário que também é membro dos conselhos administrativos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR) e da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar).

Komagata diz que estava conseguindo fazer com o delivery apenas 10% do faturamento normal da rede, e já tinha recuperado mais 10% com o atendimento presencial permitido nas últimas três semanas pelo Governo do Estado. Segundo o empresário, a rede ainda está conseguindo se manter em pé com o faturamento das outras duas lojas de rua nos bairros do Alto da Glória e Campina do Siqueira, voltadas ao delivery.

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Sem argumento

Sócia e gestora da filial curitibana do restaurante paulista Pecorino, no Shopping Mueller, Suzana Porto diz que os fiscais chegaram na loja apresentando apenas o artigo do decreto que proíbe o funcionamento, sem qualquer chance de argumentação.

Os funcionários dela precisaram ir à loja pela manhã cumprir o protocolo técnico interno de fechamento e também foram proibidos de entrar. Suzana conta que o serviço de delivery estava vendendo bem.

Situação semelhante foi vivida nas três unidades do Outback na cidade, nos shoppings Mueller, Curitiba e ParkShopping Barigui. A rede também tinha desenvolvido todo um protocolo específico para delivery e vinha vendendo apenas por este canal desde março. Em nota à reportagem, a Bloomin’ Brands, detentora da marca, informou que suspendeu as atividades em cumprimento ao decreto municipal 875/20 “até novo direcionamento dos órgãos competentes”, e que seguirá acompanhando as atualizações.

A assessoria de imprensa do ParkShopping Barigui confirmou que todos os serviços de delivery e balcão (“take away”) foram suspensos após a fiscalização.

Decreto

Ao Bom Gourmet, a assessoria de imprensa do gabinete do prefeito Rafael Greca informou no final da tarde que “conforme Decreto Estadual 4942/2020 os shoppings centers estão com funcionamento suspenso. Nesta segunda-feira (6) quatro shoppings da cidade estavam funcionando com atendimentos irregulares, nas modalidades delivery, drive-thru ou take away”.

Já o Governo do Estado disse à reportagem, através da assessoria de imprensa, que o questionamento foi levado para discussões internas e que uma explicação mais completa será divulgada nesta quarta (8).


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