Que será do casarão?

Prédio que abrigou loja de luxo em Curitiba passa por reforma

Dentro de pouco mais de um ano, uma das regiões mais tradicionais e antigas do centro de Curitiba vai ganhar um novo cartão postal. Na verdade, não tão novo assim. O casarão que abrigava a Ferragens Hauer, localizado aos fundos da Catedral Basílica de Curitiba, na esquina da Rua José Bonifácio com a Travessa Padre Júlio de Campos, será reaberto após quase três anos de obras.

Inaugurado em 1888, o prédio abrigou a primeira grande loja de luxo da capital. Até o final da década de 1950, podia-se encontrar na Ferragens Hauer tecidos finos, taças de cristais alemãs e todo tipo de produto luxuoso. Sua estrutura contava com 3,5 mil metros quadrados de construção, com 57 portas e janelas. Seu piso e acabamento eram todos feitos com madeira do tipo imbuia. Já a partir dos anos 60, os negócios focaram exclusivamente no atacado de peças de ferragens. Em 1993 o prédio foi fechado e cinco anos depois um incêndio destruiu boa parte da estrutura do casarão.

Após o incêndio, um grande imbróglio judicial entre a família Hauer e uma seguradora fez com que o antigo prédio permanecesse fechado, longe de qualquer possibilidade de reforma e próximo da ação de desocupados, que transformaram o local em um grande mocó. Em 2012, no entanto, após o fim do impasse jurídico e a venda do prédio em um leilão, começou, enfim, a reforma.

De propriedade particular, o casarão hoje está em pleno processo de revitalização. Toda a obra está sob as vistas atentas do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e dos arquitetos restauradores Ivilyn Weigert e Leandro Nicoleti Gilioli. No dia a dia da reforma, quem está à frente é João Nardon, fiscal da obra.

Ele conhece todos os detalhes da profunda transformação pela qual a estrutura do casarão está passando. “Por fora, estamos restaurando a estrutura original que dá para manter e refazendo o que precisa ser feito. Tudo para deixar da maneira como era antes e que durante quase um século permaneceu por aqui. Já na área interna, é quase tudo novo: pisos, estrutura, escadas. Tudo teve que ser feito novinho e de concreto”, explica João.

Reabertura no fim de 2014

A parte interna do prédio não se parecerá nem um pouco com a pomposa estrutura que marcou época. O casarão passará a ter quatro andares e 4,5 mil metros quadrados de construção. No último pavimento, será feito um terraço com vista para a Praça Tiradentes. Um elevador panorâmico e paredes de vidro vão compor o interior do local. “Por dentro é quase um prédio novo, mas tudo que deu para manter e ser restaurado será mantido. Mas mais de 90% da estrutura da parte de dentro é nova”, detalha João.

A previsão dos responsáveis pela obra é que o casarão será reaberto no final do ano que vem. Os novos proprietários não falam em valores da reforma nem sobre como o espaço será ocupado. “Tem gente que fala que será uma loja, outros falam em shopping. Realmente eu não sei. Só sei que quando esse prédio ficar pronto, a região ficará completa. A Praça Tiradentes está reformada, a Catedral também. O Paço da Liberdade ficou uma joia depois da reforma. Então, essa região vai ganhar muito com esse espaço reformado e pronto para mais outros 100 anos”, comemora João.