Urbanismo

Praça com coreto em estilo japonês está completamente abandonada; você conhece?

Praça fica no bairro Mercês, na esquina das ruas Dom Alberto Gonçalves e Paulo Graeser Sobrinho. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Quem vai do Bom Retiro às Mercês passando pela rua Dom Alberto Gonçalves encontra, na esquina com a rua Paulo Graeser Sobrinho, uma pequena praça com uma construção que se assemelha a um coreto em arquitetura japonesa. Sem sinalização e com aparência de abandono, o local passa quase despercebido – contudo, a praça foi a primeira homenagem de Curitiba a sua cidade-irmã japonesa Himeji, tendo sido batizada com o mesmo nome.

A Praça Himeji foi inaugurada de 20 de junho de 1988, pelo então prefeito Roberto Requião. A irmandade entre as cidades havia sido estabelecida pela lei nº 6.484 quatro anos antes, ainda no governo de Maurício Fruet, mas aquele foi o ano em que se comemorou os 80 anos da imigração japonesa ao Brasil, e a praça foi uma das muitas homenagens feitas na época aos japoneses que decidiram se estabelecer em terras brasileiras tantos anos antes.

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De acordo com a edição da Gazeta do Povo de 18 de junho de 1988, dia em que se comemora a imigração japonesa ao Brasil, as celebrações foram tamanhas que contaram até com a participação do príncipe japonês Fumihito. Ele chegou a passar pelo Paraná no dia seguinte, visitando Londrina em companhia do então presidente José Sarney, mas não estendeu a visita à capital.

Porém, dois dias depois, uma comitiva do governo de Hyogo, província japonesa que tem Himeji como capital, chegou a Curitiba para se reunir com o prefeito e o governador do estado, que na época era Alvaro Dias. Aqui, encontraram a praça recém-inaugurada, com o coreto, uma placa explicando a homenagem e um parquinho.

“Ao que parece, ela foi feita a toque de caixa porque haveria essa visita do pessoal de Himeji”, diz o ex-vereador e ex-presidente da Associação Nikkei de Curitiba, Rui Hara. Contudo, há poucos registros oficiais sobre a história do local, o que dificulta a confirmação dessa pressa.

Também não há muitas informações sobre o coreto que caracteriza a praça, o que impede que a real intenção do responsável pelo projeto seja conhecida. Contudo, conforme Hara, a construção se assemelha a castelos japoneses. “Se você olhar a imagem de um castelo japonês, você percebe que a parede de pedra e o telhado são no mesmo formato [que os do coreto]. Então, a ideia parece ter sido essa”, explica.

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Inauguração contou até com a presença do príncipe japonês Fumihito, mas atualmente o espaço está deteriorado. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Inauguração contou até com a presença do príncipe japonês Fumihito, mas atualmente o espaço está deteriorado. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Divisão

O que se sabe é que, quando foi feita, a praça ficava no fim de uma rua sem saída – a própria Dom Alberto Gonçalves. Em 2001, a prefeitura decidiu executar uma diretriz de arruamento de 1977, abrindo a via para circulação de carros e dividindo o espaço: de um lado ficou o coreto; do outro, o parquinho.

Para Hara, a divisão fez com que a praça perdesse a vitalidade –  e começasse a passar despercebida, inclusive pelo poder público. O sistema de proposições legislativas da Câmara Municipal de Curitiba mostra um pouco disso: há ali diversos requerimentos feitos por vereadores em nome de moradores da região. Os pedidos são para manutenção, instalação de melhorias e policiamento.

No primeiro registro, de março de 2000, feito pela então vereadora Nely Almeida, a justificativa para o pedido foi a insatisfação dos moradores com o estado de sujeira e conservação do local, que estava “se prestando a reunião de vândalos”, os quais assaltavam os moradores da região.

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Assim, em 2006, quando era vereador, Rui Hara tentou transferir a praça de lugar. “Questionamos se havia possibilidade de nomear outro lugar Praça Himeji”, conta Hara. A ideia era que a praça ficasse ao lado do Horto Municipal, no Guabirotuba, já que havia muitos imigrantes japoneses vivendo naquele bairro, no Uberaba e no Jardim das Américas. Contudo, ela não vingou.

Hoje, quem vai ao local encontra um coreto e brinquedos dando sinais de que precisam de atenção –  e não vê qualquer indicação da homenagem a Himeji e à imigração japonesa. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, há manutenção a cada 20 dias, mas a última “intervenção mais pesada” foi há três anos. Em abril, a vereadora Dona Lourdes atendeu a pedidos de moradores do entorno e fez um requerimento de manutenção do local – o qual, conforme a prefeitura, será atendido com “revisão completa dos equipamentos” em julho.

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Divisão da praça fez com que ela perdesse vitalidade e atenção do poder público. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Divisão da praça fez com que ela perdesse vitalidade e atenção do poder público. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Outras homenagens

A Praça Himeji não é a única homenagem à cidade japonesa em Curitiba. No Parque da Imigração Japonesa, no Uberaba, há o Espaço Himeji, inaugurado em 2014, que conta com um bloco de rochas da serra do mar e placas com o desenho do mapa mundi marcando a capital paranaense e a cidade-irmã japonesa.

Há ainda a Sala Himeji, no Memorial de Curitiba, no São Francisco. Inaugurada em 2017, a sala abriga a maquete do Castelo de Himeji, um Patrimônio da Humanidade da Unesco. A maquete foi doada a Curitiba em 1997 e exposta na Praça do Japão durante vinte anos.

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