Para quem ama trilhas, montanhas e aquele contato direto com a natureza, o Parque Estadual Pico Paraná é uma alternativa imperdível bem pertinho de Curitiba. Localizado na Serra do Mar, o parque abriga o ponto mais alto da Região Sul do Brasil, com impressionantes 1.899,39 metros de altitude.
O conjunto de montanhas que forma o parque é um dos destinos mais cobiçados por aventureiros. Ao todo, são seis cumes que se destacam na paisagem, cercados pela imponente Serra do Ibitiraquire e por trechos da Mata Atlântica considerados dos mais bem preservados do país.
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Entre as trilhas mais procuradas está a do Caratuva, que oferece aos visitantes uma experiência imersiva em meio à vegetação nativa e visuais de tirar o fôlego. A média de visitação em 2025 tem sido de cerca de 1.076 pessoas por mês, o que reforça o apelo do local entre os praticantes do ecoturismo.
Do alto do Pico Paraná — com seus 1.877,39 metros — é possível contemplar uma vista panorâmica incrível: as baías de Paranaguá e Antonina, além de Curitiba e toda a extensão das serras ao redor.
Mas atenção: para aproveitar toda essa exuberância com segurança, é essencial estar bem preparado, conhecer o trajeto e respeitar os limites do corpo e da montanha. A recente tragédia envolvendo a brasileira Juliana Marins, que morreu ao cair de um penhasco em um vulcão na Indonésia, reforça a importância de se aventurar com responsabilidade.

Quero fazer uma trilha, qual a primeira coisa a fazer?
A preparação física é fundamental para quem pretende fazer alguma atividade em montanha. “Pra quem está iniciando, é bem importante que essa pessoa tenha um bom condicionamento físico e pratique atividades com regularidade, com frequência. Mesmo as atividades mais iniciantes exigem condicionamento físico”, explica Lucas Borba Cardoso, Instrutor de técnicas verticais e Guia de turismo na Graciosa Terra.
O Parque Estadual Pico Paraná possui diversas trilhas de todos os níveis, por isso a importância de encarar uma trilha que seja condizente com o seu perfil.
“Lá temos trilhas desde iniciante, que são cerca de duas horas de caminhada, sem dificuldade técnica. Trilhas intermediárias, que seriam em torno de cinco horas, sem dificuldade técnica também. E temos trilhas avançadas, de cerca de oito horas de caminhada, como o próprio Pico Paraná. Tem algumas outras montanhas ali da região, que também são de dificuldade avançada”, conta o especialista.
Distância e nível de dificuldade das trilhas:
➢ Morro do Getúlio
~3,5 km – esforço físico moderado
➢ Pico Caratuva
~5 km – esforço físico intenso
➢ Pico Itapiroca
~5,5 km – esforço físico intenso
➢ Pico Taipabuçu
~5,5 km – esforço físico intenso
➢ Pico Ferraria
~7,5 km – esforço físico intenso
➢ Pico Paraná
~10km – Esforço extraordinário
Roupas e o que levar na mochila
A roupa deve ser confortável, mas também que tenha uma resistência para andar na mata. Também é importante levar uma jaqueta corta-vento, aquelas que são impermeáveis, para caso chova ou aconteça alguma mudança climática repentina.
Na mochila levar água, um lanche, lanterna com pilha, apito para se for necessário fazer alguma sinalização de onde está e um kit de primeiros socorros.

Fique de olho do tempo
Além destas questões é muito importante ficar de olho nas condições climáticas antes de iniciar qualquer uma destas atividades, evitando assim surpresas no meio da aventura.
“Deve-se estar atento às condições meteorológicas, então caso haja chuva, de preferência não fazer essa atividade. Sempre faça a trilha que está demarcada, nunca saia dela e avise alguém que vai fazer a atividade”, explica a capitã Luisiana Guimarães Cavalca, do Corpo de Bombeiros.
Outra situação é analisar onde vai fazer essa atividade, verificar as rotas, as trilhas, baixar um mapa offline.
“Existem alguns aplicativos que podem auxiliar nisso e também, de preferência, ir com uma pessoa que já conhece o local para que seja um guia e auxilie nesse deslocamento”, orienta a capitã.
Nunca fez uma trilha? Cuidado!
Para os iniciantes fazer a trilha sem ajuda profissional pode ser um problema. “É muito importante que essa pessoa procure um especialista, uma empresa especializada, cadastrada no Cadastur, que vai ter um guia cadastrado. Tudo isso garante que seja uma pessoa treinada, pra dar todo o suporte pra levar ela e trazê-la em segurança. Até mesmo seguro atividade e outros itens de segurança que podem ser fornecidos se necessários, dependendo do nível de dificuldade da aventura que a pessoa deseja”, alerta Lucas.
A base do Instituto Água e Terra, responsável pelo parque, fica no final da estrada. Antes de entrar no parque é necessário fazer um cadastro.
“Atualmente ele é feito por QR Code, a pessoa preenche na hora de entrar e na volta, para a gente saber que elas retornaram. As vezes as pessoas ligam aqui porque um amigo ou parente não retornou da trilha e quando a gente vai verificar a pessoa não passou pela base, foi por outra entrada. Aí fica difícil até pra acionar o socorro”, explica a bióloga no Escritório Regional de Curitiba – IAT, Luísa Panek Marques.
Natureza exuberante e rica fauna
Com todos os cuidados e precauções tomadas, é hora de curtir a aventura. Nisso a natureza exuberante do Parque Estadual Pico Paraná é incrível. Quem estiver nas trilhas poderá apreciar uma floresta formada por arbustos, xaxins, trepadeiras e os mais variados tipos de bromélias, orquídeas e samambaias que convivem com árvores de mais de 30 metros de altura como o cedro, a canjarana, a figueira-branca, a caneta-preta e o sassafrás.
Além da flora, a fauna existente no Parque inclui animais como bugios, serelepes, pacas, ouriços, quatis, cutias e jaguatiricas que deixam pegadas por toda a floresta e podem ser observados à distância.
São, ao todo, 71 espécies, muitas delas ameaçadas de extinção como a onça-pintada e a suçuarana. O céu também é o espetáculo mais procurado.
“As pessoas buscam conexão com a natureza, desafios, superação pessoal, ter aquele momento de contemplação, do pôr do sol, do nascer do sol. Na montanha a gente tem um fenômeno chamado mar de nuvens, que as pessoas também buscam encontrar e viver aquele momento, aquela contemplação “, relata o guia de turismo.

Traga de volta tudo o que levar!
Apesar de ser um local frequentado por centenas de pessoas todos os meses, ao longo das trilhas não existe lixeiras, por se tratar de uma reserva natural e locais de difícil acesso para a coleta.
O certo é que cada um leve uma sacola para guardar o seu próprio lixo durante a estadia no parque e na volta descarte no lugar correto.
“Não tem lixeiras ao longo das trilhas porque seria inviável, bem complexo ter um equipe pra recolher o que ficaria nas lixeiras. E como é muito lixo as lixeiras não dariam conta”, explica a bióloga do IAT.
Nos últimos meses foram feitos dois mutirões para recolher o lixo. No primeiro, no Pico Caratuva foram recolhidos 25 kg de lixo e no segundo, no Pico Camapuã, foram 15 kg.
“Muitas vezes os visitantes deixam resíduos orgânicos no parque, como restos de alimentos e cascas de fruta, porque imaginam que a degradação é rápida. No entanto, qualquer tipo de lixo largado no local causa danos ao meio ambiente, além de tornar a experiência desagradável para outros frequentadores”, alerta Luísa.
Um passo de cada vez
Para os iniciantes é importante escolher trilhas de níveis mais fáceis. Além de não perder condicionamento físico, a evolução de desafio tem que ser gradual.
“Uma vez que essa pessoa deseja começar e queira continuar, é muito importante começar por uma montanha iniciante e ir evoluindo o nível de dificuldade das aventuras gradativamente. Esse trajeto, essa evolução vão tornando-a apta a chegar a uma montanha de nível mais elevado”, finaliza Lucas.
Veja aqui um guia completo para fazer o planejamento de um passeio na trilha e para acampar.
Qual é a melhor época para ir ao Parque Estadual Pico Paraná?
A chamada temporada de montanhas é entre os meses de Maio e Setembro, ou seja, entre outono e inverno quando as temperaturas estão mais amenas e as mudanças no tempo são menos frequentes.
“Nesse período pelo pelo clima ser mais estável é que se dá a temporada de montanha. Nesse período não tem aqueles temporais de final de tarde, repentinos, que acontece no verão , tem menos incidência de raios e trovões. E também tem tem menos peçonhas. Por exemplo, nesse período as cobras animais peçonhentos aparecem menos”, explica Lucas.
Se ficar perdido, o que fazer?
Aguarde no local, ligue para o Corpo de Bombeiros no telefone 193 que eles fazem o procedimento ideal para o resgate.
Como chegar ao Parque Estadual Pico Paraná?
Pela BR-116, passando o Posto do Tio Doca, entra à direita na Ponte do Rio Tucum, seguindo por 6 km passando pela Fazenda Pico Paraná e Fazenda Rio das Pedras até a base do IAT, final da estrada e início do acesso à trilha para o Pico Paraná e outros cumes daquela Unidade de Conservação.
Localização: Municípios de Campina Grande do Sul e Antonina.
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